quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A cruz


Inaugurando nossa série "Cristianismo e Literatura", vai um dos mais belos poemas da língua portuguesa, escrito pelo poeta brasileiro Fagundes Varela (1841-1875). Trata-se de um poema bastante inovador para os padrões do século XIX, em que a disposição dos versos realiza um papel visual, agregando mais um elemento ao texto além da tradicional musicalidade e chamando atenção para o centro da mensagem do poema: a cruz. Que possamos como o Poeta louvar a Deus pelo seu maravilhoso amor demonstrado na cruz!


A cruz

Por Fagundes Varela


Estrelas

Singelas,

Luzeiros

Fagueiros,

Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais!

Desertos e mares, - florestas vivazes!

Montanhas audazes que o céu topetais!

Abismos

Profundos!

Cavernas

E t e r nas!

Extensos,

Imensos

Espaços

A z u i s!

Altares e tronos,

Humildes e sábios, soberbos e grandes!

Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!

Só ela nos mostra da glória o caminho,

Só ela nos fala das leis de - Jesus!

sábado, 22 de agosto de 2009

Leia a Bíblia

"Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho.” Sl. 119.105 (1)


"A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana.1 É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens.2 Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo.3 Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a glória de Deus.4 Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina.5 Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens.6 A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas as doutrinas e a conduta dos homens.7 Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo.”
(Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira CBB – artigo I "Escrituras Sagradas". http://www.batistas.org.br/)


A declaração doutrinária da CBB nos mostra a importância de conhecermos e estudarmos as Escrituras Sagradas. Vários versículos nos mostram razões para isso, por exemplo: Josué 1.8, Sl. 119.14, MT 22.29, João 15.10, 17.17, Atos 17.11, 2Timóteo 2.15, Hebreus 5.13-14.

Eis aqui algumas obras, disponíveis na biblioteca, que podem nos ajudar a conhecer e estudar a Palavra de Deus:


. 12 Maneiras de estudar a Bíblia sozinho
Rick Warren, Ed. Vida, 2003.

. A Bíblia – o livro para hoje
John Stott. ABU, 1997

. Como estudar a Bíblia sozinho.
Tim LaHaye. Ed. Betânia, 1984.

. Como estudar e interpretar a Bíblia.
Raimundo de Oliveira. CPAD, 1998.

. Como estudar a Bíblia.
James Braga. Ed. Vida, 1995.

. Guia Conciso da Bíblia.
Charles C. Ryrie. Ed. Candeia, 1995.

. A Palavra de Deus e a palavra do homem.
Karl Barth. Ed. Novo Século, 2004.

. Ouvindo a Deus – uma abordagem multidisciplinar da leitura bíblica.
Eugene Peterson et al. Shedd, 2001.

. Quero entender a Bíblia – Edição para adolescentes.
Henrietta Mears. CPAD, 1999

. Sete Razões Para Confiar na Bíblia.
Erwin W. Lutzer. Ed.Vida, 2001

A biblioteca tem em seu acervo a Bíblia em áudio e também em CD ROM. Além dessas versões, temos a Bíblia em várias línguas e de várias edições (para consulta).

Precisamos orar sempre, manter um relacionamento de amor, íntimo e pessoal com o nosso Deus.
A Escola Dominical é uma grande oportunidade de estudo! Participe, todos os domingos, das 9h às 10h, em várias salas no campus da IMBB, e agora também na Congregação da Asa Norte, no mesmo horário, no espaço da Faculdade Teológica, na L2 Norte Q 611.


(1) Bíblia Almeida Século 21.
Divulgamos as últimas aquisições da Biblioteca IMBB. Nesse conjunto há váriás obras de comentários de livros da Bíblia (*).
Se você tem alguma sugestão de obra para aquisição pela Biblioteca, deixe registrado aqui no blog!
Aquisições:
. 1 Coríntios - Como resolver conflitos na Igreja *
Lopes, Hernandes Dias
. 2 Coríntios - O triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades*
Lopes, Hernandes Dias
. 1 e 2 Tessalonicenses - Como se preparar para a segunda vinda de Cristo *
Lopes, Hernandes Dias
. A essência do cristianismo - A relevância do verdadeiro cristianismo nos dias atuais
Berkley, James
. A vida interior - Cultivando a renovação da alma
Murray, Andrew
.
Águas que transformam
Yun, Irmão
. Amós - Um clamor pela justiça social *
Lopes, Hernandes Dias
. Antigo Testamento - Uma introdução
Rendtorff, Rolf
. Apocalipse - O futuro chegou, as coisas que em breve devem acontecer *
Lopes, Hernandes Dias
. Aprofundando o diálogo com Deus - O privilégio de conversar com o criador
Patterson, Bem
. Ateísmo remix - um confronto cristão aos novos ateístas
Mohler Jr., R. Albert
. Billy Graham - O Embaixador de Deus (DVD)
. Bonhoeffer, o mártir. Responsabilidade social e compromisso cristão moderno
Slane, Craig
. Céu, nosso verdadeiro lar
Tada, Joni Eareckson
. Colossenses - A suprema grandeza de Cristo, o cabeça da Igreja *
Lopes, Hernandes Dias
. Como lidar com a sogra - e sogro, cunhados, genros, noras...
Chapman, Gary
. Como sobreviver a um ataque
Liardon, Roberts
. Confiança cega
Manning, Brennan
. Daniel - Um homem amado no céu *
Lopes, Hernandes Dias
. Fé que move montanhas - Princípios que transformam vidas
Cho, Paul Yonggi
. Filipenses - A alegria triunfante no meio das provas *
Lopes, Hernandes Dias
. Graça Futura
Piper, John
. Habacuque - Como transformar o desespero em cântico de vitória *
Lopes, Hernandes Dias
. História da Literatura Cristã Primitiva - Introdução ao Novo Testamento, aos Apócrifos e aos Pais Apostólicos
Vielhauer, Philipp
. Igreja, por que me importar?
Yancey, Philip
. Jesus quer salvar os cristãos
Bell, Rob
. Marley & Eu (DVD)
. Nova criação em Cristo no pensamento de Paulo
Rey, Bernard
. O Filho Rebelde (DVD)
. O príncipe
Machiavelli, Niccolo
. Obadias e Ageu - Uma mensagem urgente de Deus à igreja contemporânea *
Lopes, Hernandes Dias
. Paixão pela verdade - a coerência intelectual do evangelicalismo
McGrath, Alister
. Paulo – Pauloida e obra
Bornkamm, Günther
. Perspectivas da Teologia Protestante nos séculos XIX e XX
Tillich, Paul
. Salvos da perfeição - Mais humanos e mais perto de Deus
Cabral Jr., Elienai
. Samuel, o menino que ouviu Deus (DVD)
. Santidade - Sem a qual ninguém verá o Senhor
Ryle, J.C.
. Suave Perfume
Macedo Filho, Julio Borges
. Teologia do Novo Testamento
Zuck, Roy B.
. Unidade e Diversidade no Novo Testamento - Um estudo das características dos primórdios do Cristianismo
Dunn, James D. G.
. Unidade na diversidade - rumo ao consenso em meio às constrovérsias
Bock, Darrell L.
. Verdadeira Espiritualidade
Schaeffer, Francis A.


* Comentários/Hagnos

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cristianismo e Literatura


C. S. Lewis, ao ser questionado sobre se Teologia é Poesia, respondeu que não (o texto da resposta está contida do livro O peso de Glória). No entanto, não há dúvidas de que idéias teológicas podem ser veiculadas sob a forma literária. O próprio C. S. Lewis utilizou a ficção para transmitir idéias teológicas bastante relevantes e profundas. As Crônicas de Narnia são um belo exemplo de como a Literatura pode exprimir mensagens bíblicas de uma forma simples e didática. Além das Crônicas, é possível ressaltar dentro da obra de Lewis o conto O Grande Abismo e sua Trilogia Espacial.


A Bíblia mesmo usa em diversas vezes a Literatura para expressar as verdades a respeito de Deus e de sua relação com o homem. Conforme o comentarista das Escrituras:


"Repetidas vezes, o Antigo Testamento irrompe em poesia. Até mesmo as suas narrativas são ornadas aqui e ali com uma parelha de versos, ou com uma seqüência mais longa de versos para ressaltar qualquer fato memorável (...), e esta é a forma que, de modo predominante, suas profecias assumem. Embora os Salmos formem o corpo principal de poesias nas Escrituras, (...) eles mesmos estão cercados por poesia e estão arraigados numa tradição poética longa e popular" (Kidner, Derek. Salmos 1-72: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1992)


Dois livros do Antigo Testamento, em especial, são compostos por poemas, os Salmos e Cântico dos Cânticos. No Novo Testamento, os evangelhos mostram que Jesus freqüentemente lançava mão de um tipo de texto literário chamado "parábola" de forma a ilustrar vários de seus ensinamentos. Segundo Bailey: "As parábolas de Jesus são uma forma concreta e dramática de linguagem teológica que força o ouvinte a reagir. Elas revelam a natureza do reino de Deus e/ou indicam como um filho do reino deve agir" (Bailey, Kenneth. As parábolas de Lucas. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 14). É bastante significativo que Jesus tenha usado a Literatura como forma preferencial de exposição das verdades do Reino de Deus, considerando que Ele é o modelo de Mestre para os cristãos. Nesse sentido, os ensinamentos de Cristo apontam para o fato de que determinadas idéias teológicas só podem ser bem expressas literariamente.


A propósito, poderíamos trazer um grande número de exemplos de obras literárias que veiculam importantes idéias teológicas: A Divina Comédia de Dante aborda aspectos da soteriologia e da doutrina do pecado; O Paraíso Perdido de Milton fala sobre a natureza do mal e da idéia de rebelião contra Deus; vários do romances e novelas de Tolstói e Dostoiévski tratam de assuntos bastante afetos à doutrina cristã. Dostoiévski, nesse sentido, acreditava que a arte literária tinha uma missão cristã relevantíssima em seu contexto ao se contrapor ao niilismo ateísta nascente na Rússia do século XIX, decorrente da importação das idéias revolucionárias européias.


A eficiência da arte literária para expor e divulgar idéias teológicas pode ser exemplificada pelo relato de Muggeridge citado por Philip Yancey em seu livro Alma Sobrevivente:


" No início da década de 1970, Malcolm Muggeridge ouviu, para sua surpresa, que membros da elite intelectual da União Soviética, ainda sobre o regime comunista, estavam experimentando um reavivamento espiritual. Um dissidente russo que vivia exilado na Inglaterra disse-lhe que virtualmente todo escritor artista ou músico de renome estava explorando questões espirituais. Muggeridge relata: 'Perguntei-lhe como aquilo poderia estar acontecendo, dados os esforços de lavagem cerebral anti-religiosa sobre os cidadãos e a ausência de literatura cristã, inclusive os evangelhos. Sua resposta foi memorável. Ele disse que as autoridades esqueceram de suprimir as obras de Tolstói (1828-1910) e Dostoiésvki (1821-1881), as mais perfeitas exposições da fé cristã dos tempos modernos.'" (Yancey, Philip. Alma sobrevivente. São Paulo: Vida, 2004, p. 128)

Com isso, Yancey nos mostra que a preocupação de Dostoiéski com a missão cristã da literatura não foi em vão, pelo contrário, agiu significativamente na vida de muitas pessoas ao longo de várias gerações.


Um outro livro de Philip Yancey, Muito mais do que palavras, mostra como os mestres da Literatura influenciaram os escritores cristãos. Lá é possível verificar como o pensamento de autores como Eugene Peterson, de Madaleine L'Engle e do próprio Yancey foi influenciado por artistas como John Donne, Flannery O'Connor, Ray Bradbury, J. R. R. Tolkien. O fato de que a Literatura possui esse poder de influência sobre a cosmovisão dos leitores gera uma responsabilidade para o cristão: não desprezar essa forma de arte.


De fato, os textos literários têm a capacidade de expressar as verdades da fé de um modo tocante, inspirativo e instigante. Por isso, é preciso ler e fazer Literatura para a glória do Senhor. Tendo isso em mente, iniciaremos uma nova série de posts em que reproduziremos algumas obras importantes da Literatura brasileira e mundial dedicadas a inspirar o louvor a Deus e à reflexão sobre importantes temas do Cristianismo. A maioria de textos reproduzidos será de poemas em razão das limitações próprias do formato de um blog, porém ocasionalmente será possível reproduzir também pequenos textos em prosa. Esperamos que todos se sintam inspirados e motivados a fazer a cada vez mais a vontade de Deus por intermédio dessas obras memoráveis.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Jornada pela Liberdade


Dirigido por Michael Apted e estrelando Ioan Gruffudd, Jornada pela Liberdade (título original em inglês: Amazing Grace) conta a história, baseada em fatos reais, de William Wilberforce.

O personagem principal da trama, Wilberforce, foi um político do final do século XVIII que iniciou sua carreira bem jovem, aos 21 anos já havia sido eleito para o parlamento britânico. O filme retrata a conversão de Wilberforce ao cristianismo e como essa extraordinária mudança repercutiu em todos os aspectos de sua vida, especialmente em sua atuação como parlamentar. Assim que convertido, Wilberforce pensou em largar a carreira política para servir a Deus como pregador. Porém, graças à influência de William Pitt, seu grande amigo e posteriormente um dos mais memoráveis primeiros-ministros do Reino Unido, Wilberforce decide permanecer na política convencido de que era possível ser um instrumento da vontade de Deus na direção dos assuntos de Estado.

Tendo entrado em contato com um grupo de cristãos engajados na reforma de sociedade conhecido como "Seita de Clapham", é lançado a Wilberforce o desafio de liderar no parlamento a luta contra a escravidão. Wilberforce horrorizado com o tratamento cruel e desumano dado aos escravos negros desde sua captura, passando pelo inferno das viagens em navios negreiros, até os trabalhos extenuantes entremeados por castigos e humilhações, resolve assumir esse desafio e aprovar uma lei abolindo o tráfico de escravos no Império Britânico. Mais tarde, Wilberforce afirmaria que: "Deus todo-poderoso colocou diante de mim dois grandes objetivos, a supressão do comércio de escravos e a reforma dos valores morais".

A fim de executar o objetivo colocado por Deus em sua vida, Wilberforce promoveu uma campanha altamente avançada para conscientizar os eleitores e os parlamentares dos horrores da escravidão. No entanto, ano após ano Wilberforce apresentava seu projeto sem sucesso. Sucesso esse que só viria nos últimos dias de sua vida.

O filme retrata também o papel relevante desempenhado por sua mulher Barbara Spooner e pelo pregador e ex-traficante de escravos John Newton, que era seu verdadeiro pai espiritual cuja história também estava tão intimamente ligada aos males da escravidão. O famoso hino Amazing Grace composto por Newton e que dá nome à produção também ocupa um lugar especial no longa, servindo como uma espécie de mote à história contada e sendo entoado diversas vezes em momentos decisivos da vida de Wilberforce.

O filme traz diversos ensinamentos e é riquíssimo para os cristãos na sociedade de hoje. Wilberforce é um exemplo de cristão que assumiu sua responsabilidade dentro da sociedade e a reforma que operou é de uma importância incrível, não obstante freqüentemente ignorada pelos livros de história. Segundo Robinson Cavalcanti,

"Wilberforce era um representante típico de uma parcela de cristãos da sua geração (final do século XVIII e início do século XIX), alguém que conciliava em uma síntese, que é, antes de tudo bíblica, a piedade, a sã doutrina, a reflexão e o engajamento comprometido como os valores do reino de Deus. Um convertido que buscava a presença de Deus, se comprometia com a Sua verdade, que pensava sobre a fé, mas que não ficava na alienação da adoração subjetiva e mística nem no academicismo de leituras como fim, mas que punha a sua piedade refletida na ação conseqüente, o que é diferente de um ativismo febril e árido. Somente esse tipo de cristão é quem faz história. O crescimento de milhares de cristãos sem esse comprometimento resulta em uma fé sem impacto." (Prefácio de: Wilberforce, William. Cristianismo Verdadeiro. Brasília: Palavra, 2006, p. 14.)

O cristão deve levar a sério o chamado de Deus para fazer a diferença no meio da sociedade e seu exemplo deve servir de modelo para o problemático mundo moderno. A prática religiosa não deve ficar limitada ao campo da vida privada, aos retiros espirituais, às orações a portas fechadas e à apreciação estética do culto. O cristianismo realiza sua missão plena exatamente quando deixa o âmbito privado e transborda para alçancar o mundo. Dostoiévski lamentou, certa vez, que a Igreja em certo ponto de sua história tenha querido deixar de ser Igreja para se tornar Estado e expressava o seu desejo de que algum dia o Estado, que podemos entender aqui também como sociedade, se tornasse Igreja. Com isso, o brilhante escritor russo expressou a grande necessidade de que a Igreja deixe de ser conformada pelo mundo e passe a afirmar a sua identidade como Igreja, ou seja, sal da terra e luz do mundo. Falta à Igreja no Brasil hoje aquela postura de "alvoroçar o mundo" adotada pelos primeiros cristãos e descrita pelo livro de Atos. Wilberforce assumiu esse desafio. Estaremos prontos para assumi-lo também?

Assista abaixo o trailer do filme.

sábado, 8 de agosto de 2009

Estações no Caminho para a Liberdade


Por Dietrich Bonhoeffer
Tradução de Helberto Michel
Extraído de: Bonhoeffer, Dietrich. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 2005.

DISCIPLINA

Se saíres em busca da liberdade, aprende, antes de tudo,
disciplina dos sentidos e de tua alma, para que os desejos
e teus membros não te levem ora para cá, ora para lá.
Casto seja teu corpo e teu espírito. plenamente sob teu domínio
e obediente na procura do alvo que lhe foi colocado.
Ninguém experimenta o mistério da liberdade a não ser pela disciplina.

AÇÃO

Não qualquer coisa, mas o correto deve ser feito e arriscado;
não se deve flutuar no possível, mas agarrar valentemente o real;
a liberdade não está no vôo dos pensamentos, mas tão-somente na ação.
Sai da medrosa hesitação para a tempestade dos acontecimentos,
sustentado apenas pelo mandamento divino e pela tua fé,
e a liberdade acolherá teu espírito com júbilo.

SOFRIMENTO

Maravilhosa transformação. As mãos fortes e ativas
estão amarradas. Impotente e solitário, vês o fim
de tua ação. Não obstante, respiras aliviado e colocas o correto
tranqüila e confiantemente em mãos mais fortes e te dás por satisfeito.
Só por um momento tocaste, feliz, a liberdade,
entregando-a então a Deus para gloriosa consumação.

MORTE

Pois vem, festa máxima no caminho para a eterna liberdade;
morte, destrói as fatigantes correntes e muralhas
de nosso corpo passageiro e de nossa alma cega,
para que finalmente vislumbremos o que nos é negado ver aqui.
Liberdade, procuramos-te longamente em disciplina, ação e sofrimento.
Morrendo, te reconhecemos agora na face de Deus.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma lição de amor para todos os casais

O filme Prova de Fogo traz a história de um capitão do corpo de bombeiro, Caleb Holt, que é reconhecido por toda cidade onde habita como um excelente profissional. Mas o seu casamento, porém, não anda nada bem. E a união de Caleb e sua esposa fica por um fio.


A salvação do casamento do bombeiro vem quando seu pai lhe dá de presente um diário que se trata de um desafio de 40 dias no qual cada dia Caleb tem de fazer diversas coisas para a sua esposa e aprender a entender as situações vividas em um matrimônio. O Livro traz ensinamentos sobre o casamento e atividades a serem desenvolvidas como surpreender seu parceiro, elogiar, escutar, orar e muitas outras situações.


Este filme trouxe uma proposta para as pessoas, de assistir ao filme e depois fazer "O Desafio de Amar".

O filme Prova de Fogo já foi assistido em mais de 850 salas de cinema nos EUA e é dos mesmos criadores do encantador Desafiando os Gigantes.


Você pode assistir abaixo o trailer do filme.


Deus não está morto



Deus não está morto ainda

William Lane Craig


Originalmente publicado como: "God Is Not Dead Yet." In Christianity Today, Julho, 2008, pp. 22-27. Texto reproduzido na íntegra em reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=6647. Traduzido por Wagner Kaba. Revisado por Djair Dias Filho.



Pode-se pensar, devido à atual enchente de best-sellers ateístas, que a crença em Deus se tornou intelectualmente indefensável para as pessoas pensantes, atualmente. Mas uma olhada nos livros de Richard Dawkins, Sam Harris e Christopher Hitchens, dentre outros, revela rapidamente que o chamado Novo Ateísmo carece de músculos intelectuais. Ele é complacentemente ignorante acerca da revolução que tem acontecido na filosofia anglo- americana. Ele reflete o cientificismo de uma geração passada, ao invés do cenário intelectual contemporâneo.

O alto ponto cultural daquela geração chegou em 8 de abril de 1966, quando a revista Time publicou uma reportagem principal cuja capa era completamente preta, exceto pelas três palavras coloridas em letras vermelhas brilhantes: "Deus está morto?". A reportagem descrevia o movimento da "morte de Deus", então corrente na teologia americana.

Mas, parafraseando Mark Twain, as notícias sobre o falecimento de Deus foram prematuras. Pois, ao mesmo tempo em que teólogos escreviam o obituário de Deus, uma nova geração de jovens filósofos estavam descobrindo sua vitalidade.

Nas décadas de 1940 e 1950, muitos filósofos acreditavam que falar sobre Deus, visto que não se pode verificá-lo pelos cinco sentidos, é sem sentido — um verdadeiro disparate. Este verificacionismo finalmente desmoronou, em parte porque os filósofos perceberam que o verificacionismo em si não podia ser verificado! O colapso do verificacionismo foi o evento filosófico mais importante do século XX. Sua queda significava que os filósofos estavam livres mais uma vez para cuidar de problemas tradicionais da filosofia que o verificacionismo havia suprimido. Junto com o ressurgimento do interesse nas questões filosóficas tradicionais, apareceu algo completamente inesperado: o renascimento da filosofia cristã.

O ponto de virada provavelmente surgiu em 1967, com a publicação de God and Other Minds: A Study of the Rational Justification of Belief in God [Deus e Outras Mentes: Um Estudo sobre a Justificação Racional da Crença em Deus], escrito por Alvin Plantinga. Nos passos de Plantinga, seguiu-se multidão de filósofos cristãos, escrevendo em periódicos acadêmicos, participando de conferências profissionais e publicando nas melhores editoras acadêmicas. A cara da filosofia anglo-americana tem sido transformada, como resultado. O ateísmo, embora talvez ainda seja o ponto de vista dominante na academia americana, é uma filosofia em retirada.

Em artigo recente, o filósofo Quentin Smith, da Universidade de Western Michigan, lamenta o que ele chama de "dessecularização da academia que evoluiu na filosofia desde os fins da década de 1960". Ele reclama sobre a passividade dos naturalistas em face da onda dos "teístas inteligentes e talentosos que estão entrando na academia atualmente". Smith conclui: "Deus não está 'morto' na academia; ele retornou à vida no final da década de 1960 e agora está vivo e passa bem em sua última fortaleza acadêmica, os departamentos de filosofia".

O renascimento da filosofia cristã tem sido acompanhado por um ressurgimento do interesse na teologia natural, o ramo da teologia que procura provar a existência de Deus sem recorrer à revelação divina. O objetivo da teologia natural é justificar uma cosmovisão teísta ampla, uma que seja comum a cristãos, judeus, muçulmanos e deístas. Enquanto poucos os chamariam de provas irresistíveis, todos os tradicionais argumentos para a existência de Deus, sem mencionar alguns novos argumentos criativos, encontram articulados defensores atualmente.


Os argumentos

Em primeiro lugar, vamos fazer um rápido passeio por alguns dos argumentos atuais da teologia natural. Vamos conhecê-los em suas formas condensadas. Isto tem a vantagem de tornar a lógica dos argumentos bem clara. As estruturas dos argumentos poderão, então, ser desenvolvidas mediante discussão mais completa. Uma segunda questão crucial — sobre qual a utilidade de um argumento racional em nossa era supostamente pós-moderna — será analisada na próxima seção.

O argumento cosmológico. Versões deste argumento são defendidas por Alexander Pruss, Timothy O'Connor, Stephen Davis, Robert Koons e Richard Swinburne, entre outros. Uma formulação simples do argumento é:

1. Tudo o que existe tem uma explicação para sua existência (seja na necessidade de sua própria natureza ou em uma causa externa).
2. Se o universo tem uma explicação para a sua existência, esta explicação é Deus.
3. O universo existe.
4. Logo, a explicação para a existência do universo é Deus.

Este argumento é logicamente válido. Então, a única questão é a veracidade das premissas. A premissa (3) é inegável para qualquer um que busque sinceramente a verdade; logo, a questão está nas premissas (1) e (2).

A premissa (1) parece bastante plausível. Imagine que você esteja andando pela floresta e encontre uma bola translúcida parada no chão. Você iria achar bastante bizarra a afirmação de que a bola apenas existe sem nenhuma explicação. E aumentar o tamanho da bola, até que ela se torne do tamanho do cosmos, não iria servir para eliminar a necessidade de uma explicação para sua existência.

A premissa (2) pode parecer controversa, em princípio, mas ela é de fato idêntica à declaração ateísta usual de que, se Deus não existe, então o universo não tem uma explicação para sua própria existência. Além disso, (2) é bastante plausível por seu próprio mérito. Pois uma causa externa para o universo precisa estar além do espaço e do tempo e, portanto, não pode ser física ou material. Ora, há apenas duas classes de objetos que se adéquam a esta descrição: objetos abstratos, como números, ou uma mente inteligente. Mas objetos abstratos são causalmente impotentes. O número 7, por exemplo, não pode causar nada. Portanto, conclui-se que a explicação para o universo é uma mente externa, transcendente e pessoal que criou o universo — o que a maioria das pessoas tradicionalmente tem chamado de "Deus".

O argumento cosmológico kalam. Esta versão do argumento tem uma rica herança islâmica. Stuart Hackett, David Oderberg, Mark Nowack e eu temos defendido o argumento kalam. Sua formulação é simples:

1. Tudo que começa a existir tem uma causa.
2. O universo começou a existir.
3. Logo, o universo tem uma causa.

A premissa (1) certamente parece mais plausível que sua negação. A idéia de que as coisas possam surgir sem uma causa é pior do que mágica. No entanto, é extraordinário como tantos não-teístas, devido à força da evidência para a premissa (2), têm negado (1), ao invés de concordar com a conclusão do argumento.

Os ateus têm tradicionalmente negado (2) em favor de um universo eterno. Mas existem boas razões, filosóficas e científicas, para duvidar de que o universo não teve um início. Filosoficamente, a idéia de um passado infinito parece absurda. Se o universo nunca teve um início, então o número de eventos passados na história do universo é infinito. Esta não apenas é uma idéia paradoxal, mas também levanta o problema: como poderia o evento presente ter alguma vez chegado se um número infinito de eventos anteriores deve ter transcorrido antes?

Além disso, uma série extraordinária de descobertas na astronomia e na astrofísica durante o último século tem soprado nova vida no argumento cosmológico kalam. Agora, possuímos evidências razoavelmente fortes de que o universo não é eterno no passado, mas teve início absoluto há 13,7 bilhões de anos em um evento cataclísmico conhecido como o Big Bang [Grande Explosão].

O Big Bang é tão extraordinário porque ele representa a origem do universo a partir de literalmente nada. Pois toda a matéria e energia, e até mesmo os próprios espaço físico e tempo, vieram a existir no Big Bang. Enquanto alguns cosmologistas têm tentado criar teorias alternativas com o objetivo de evitar esse início absoluto, nenhuma dessas teorias teve sucesso na comunidade científica. De fato, em 2003, os cosmologistas Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin foram capazes de provar que qualquer universo que está, notavelmente, em um estado de expansão cósmica, não pode ser eterno no passado, mas deve ter possuído um início absoluto. De acordo com Vilenkin, "os cosmologistas não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um universo eterno no passado. Não há escapatória; eles devem encarar o problema de um início cósmico". Segue-se, então, que deve haver uma causa transcendente que trouxe o universo à existência, uma causa que, como vimos, é plausivelmente atemporal, não-espacial, imaterial e pessoal.

O argumento teleológico. O antigo argumento do design [projeto] hoje continua forte como nunca, defendido em várias formas por Robin Collins, John Leslie, Paul Davies, William Dembski, Michael Denton e outros. Os defensores do movimento do Projeto Inteligente [Intelligent Design] continuam a tradição de encontrar exemplos de projeto em sistemas biológicos. Mas o destaque na discussão está no recém descoberto extraordinário ajuste preciso [fine-tuning] do cosmos para a vida. Este ajuste preciso é de dois tipos. Primeiramente, quando as leis da natureza são expressas como equações matemáticas, elas contêm certas constantes, como a constante gravitacional. Os valores matemáticos dessas constantes não são determinados pelas leis da natureza. Segundo, existem certas quantidades arbitrárias que são simplesmente partes das condições iniciais do universo — por exemplo, a quantidade de entropia no universo.

Estas constantes e quantidades incidem em um conjunto extraordinariamente limitado de valores que permitem a vida. Se tais constantes e quantidades fossem alteradas por menos que a espessura de um fio de cabelo, o equilíbrio que permite a vida seria destruído, e a vida não existiria.

Destarte, pode-se argumentar:

1. O ajuste preciso do universo é resultado da necessidade física, ou do acaso ou do design.
2. Ele não é resultado da necessidade física e nem do acaso.
3. Logo, ele é resultado do design.

A premissa (1) simplesmente apresenta as opções existentes para explicar o ajuste preciso. A premissa principal, portanto, é (2). A primeira alternativa, necessidade física, afirma que as constantes e as quantidades devem ter o valor que possuem. Esta alternativa é pouco recomendável. As leis da natureza são consistentes com uma ampla gama de valores para as constantes e quantidades. Por exemplo, atualmente, a candidata com melhor potencial para se tornar a teoria unificada da física, a teoria das supercordas ou "Teoria-M", permite um "cenário cósmico" de cerca de 10500 possíveis diferentes universos governados pelas leis da natureza, e apenas uma proporção infinitesimal deles pode sustentar a vida.

Com relação ao acaso, os teóricos contemporâneos reconhecem cada vez mais que as probabilidades contra a sintonia fina são simplesmente insuperáveis, a menos que se esteja preparado para abraçar a hipótese especulativa de que o nosso universo é apenas um membro de um agrupamento infinito e aleatoriamente ordenado de universos (i.e., o multiverso). Nesse agrupamento de mundos, cada mundo fisicamente possível é concretizado, e obviamente nós podemos observar apenas o mundo onde as constantes e quantidades são consistentes com a nossa existência. É aqui que o debate esquenta, atualmente. Físicos como Roger Penrose, da Universidade de Oxford, lançam poderosos argumentos contra qualquer apelo a um multiverso como opção para se explicar o ajuste preciso.

O argumento moral. Um número de eticistas como Robert Adams, William Alston, Mark Linville, Paul Copan, John Hare, Stephen Evans e outros tem defendido teorias de ética do "comando divino", que sustentam diversos argumentos morais para a existência de Deus. Por exemplo, um desses argumentos é:

1. Se Deus não existe, valores morais e obrigações objetivos não existem.
2. Valores morais e obrigações objetivos existem.
3. Logo, Deus existe.

Valores morais e obrigações objetivos possuem o significado de valores e obrigações que são válidos e obrigatórios, independentemente da opinião humana. Um bom número de ateus e teístas igualmente concordam com a premissa (1). Dada uma cosmovisão naturalista, seres humanos são apenas animais, e as atividades que denominamos assassinato, tortura e estupro são naturais e moralmente neutras, amorais, no reino animal. Além disso, se não há ninguém para ordenar ou proibir certas ações, como podemos ter obrigações ou proibições morais?

A premissa (2) parece ser mais contestável, mas provavelmente será uma surpresa para a maioria dos leigos saber que (2) é amplamente aceita entre os filósofos. Pois qualquer argumento contra uma moral objetiva tende a ser baseado em premissas que são menos evidentes do que a realidade dos valores morais em si, como apreendidos na nossa experiência moral. A maioria dos filósofos, portanto, reconhece distinções morais objetivas.

Os não-teístas irão tipicamente se opor ao argumento moral com um dilema: algo é bom porque Deus o deseja, ou Deus deseja algo porque esse algo é bom? A primeira alternativa torna o bem e o mal arbitrários, enquanto a segunda torna o bem independente de Deus. Felizmente, o dilema é falso. Os teístas têm tradicionalmente abraçado uma terceira alternativa: Deus deseja algo porque Ele é bom. Isto é, o que Platão chamou de "o Bem" é a natureza moral de Deus em si. Deus é, por natureza, amoroso, bom, imparcial e assim por diante. Ele é o paradigma da bondade. Portanto, o bem não é independente de Deus.

Além disso, os mandamentos de Deus são uma expressão necessária de sua natureza. Suas ordens para nós, portanto, não são arbitrários, mas são reflexões necessárias de seu caráter. Isto nos dá uma fundação adequada para a afirmação de valores morais e obrigações objetivos.

O argumento ontológico. O famoso argumento de Anselmo foi reformulado e defendido por Alvin Plantinga, Robert Maydole, Brian Leftow e outros. Deus, observa Anselmo, é por definição o maior ser concebível. Se você pudesse conceber algo maior do que Deus, então isso seria Deus. Portanto, Deus é o maior ser concebível, um ser maximamente grande. Então, como seria tal ser? Ele seria todo-poderoso, onisciente e todo-bondoso, e iria existir em todos os mundos logicamente possíveis. Então, pode-se argumentar:

1. É possível que um ser maximamente grande (Deus) exista.
2. Se é possível que um ser maximamente grande exista, então um ser maximamente grande existe em algum mundo possível.
3. Se um ser maximamente grande existe em algum mundo possível, então ele existe em todos os mundos possíveis.
4. Se um ser maximamente grande existe em todos os mundos possíveis, então ele existe no mundo real.
5. Logo, um ser maximamente grande existe no mundo real.
6. Logo, um ser maximamente grande existe.
7. Logo, Deus existe.

Pode ser uma surpresa saber que os passos 2-7 deste argumento são relativamente incontroversos. A maioria dos filósofos concordaria que se a existência de Deus é até mesmo possível, então ele deve existir. Então a única questão é: a existência de Deus é possível? O ateu deve sustentar a impossibilidade da existência de Deus. Ele deve dizer que o conceito de Deus é incoerente, como o conceito de um solteiro casado ou um quadrado redondo. Mas o problema é que o conceito de Deus não parece ser incoerente desta maneira. A idéia de um ser que é todo-poderoso, onisciente e todo-bondoso em qualquer mundo possível parece perfeitamente coerente. E na medida em que a existência de Deus é até mesmo possível, conclui-se que Deus deve existir.


Por que se importar?

É claro que existem réplicas e tréplicas a todos estes argumentos, e ninguém imagina que um consenso será alcançado. De fato, após um período de passividade, existem atualmente sinais de que o gigante adormecido do ateísmo foi despertado de seu sono dogmático e está de volta à luta. J. Howard Sobel e Graham Oppy escreveram grossos livros acadêmicos criticando os argumentos da teologia natural e a Editora da Universidade de Cambridge [Cambridge University Press] lançou seu Companion to Atheism (Guia ao Ateísmo), no ano passado. De qualquer forma, a própria presença do debate na academia é um sinal em si mesmo de quão saudável e vibrante é a cosmovisão teísta, atualmente.

Apesar de tudo, alguns podem pensar que o ressurgimento da teologia natural em nossos tempos é apenas muito trabalho perdido. Não vivemos em uma cultura pós-moderna na qual apelos a tais argumentos apologéticos não são mais eficazes? Argumentos racionais a favor da verdade do teísmo supostamente não devem mais funcionar. Alguns cristãos, portanto, advertem que deveríamos apenas compartilhar nossas narrativas e convidar as pessoas a participarem dela.

Este tipo de pensamento é culpado de um desastroso diagnóstico equivocado da cultura contemporânea. A ideia de que vivemos em uma cultura pós-moderna é um mito. De fato, uma cultura pós-moderna é uma impossibilidade; ela, absolutamente, não permitiria a vida. As pessoas não são relativistas quando se trata de assuntos como a ciência, a engenharia e a tecnologia. Ao invés disso, elas são relativistas e pluralistas em matérias de religião e ética. Mas, é claro, isso não é pós-modernismo; isso é modernismo! É apenas o velho verificacionismo, que sustenta que tudo o que você não pode provar com seus cinco sentidos se trata de matéria de gosto pessoal. Nós vivemos em uma cultura que se mantém profundamente modernista.

De outra forma, como poderíamos entender a popularidade do Novo Ateísmo? Dawkins e companhia são inerentemente modernistas e até mesmo cientificistas em suas abordagens. De acordo com a leitura pós-modernista da cultura contemporânea, seus livros deveriam cair como água na pedra. Ao invés disso, as pessoas devoram esses livros avidamente, convencidas de que a crença religiosa é tolice.

Visto sob esta luz, adaptar o evangelho para uma cultura pós-modernista é agir em prol do fracasso. Ao deixar de lado nossas melhores armas da lógica e da evidência, nós garantimos o triunfo do modernismo sobre nós. Se a igreja adotar esse plano de ação, as conseqüências para a próxima geração serão catastróficas. O Cristianismo será reduzido a nada, senão outra voz na cacofonia de vozes em competição, cada uma compartilhando sua própria narrativa e nenhuma recomendando a si mesma como a verdade objetiva acerca da realidade. Enquanto isso, o naturalismo científico continuará a moldar nossa visão cultural de como o mundo realmente funciona.

Uma teologia natural robusta pode muito bem ser necessária para o evangelho ser efetivamente ouvido na sociedade ocidental de hoje. Em geral, a cultura ocidental é profundamente pós-cristã. É produto do Iluminismo, que introduziu na cultura europeia o fermento do secularismo que tem permeado a sociedade ocidental até hoje. Enquanto a maioria dos pensadores iluministas originais era de teístas, a maioria dos intelectuais ocidentais atualmente não considera mais o conhecimento teológico como possível. A pessoa que seguir a busca pela razão com firmeza, até o fim, será ateísta ou, no melhor dos casos, agnóstica.

Entender apropriadamente nossa cultura é importante porque o evangelho nunca é ouvido em isolamento. É sempre ouvido dentro do pano de fundo do ambiente cultural contemporâneo. Uma pessoa que cresce em um ambiente cultural no qual o Cristianismo é visto como uma opção intelectualmente viável irá apresentar abertura ao evangelho. Mas tanto faz pedir para o secularista acreditar em fadas, duendes ou em Jesus Cristo!

Cristãos que depreciam a teologia natural porque "ninguém vem à fé através de argumentos intelectuais" são, portanto, tragicamente míopes. Pois o valor da teologia natural vai muito além dos contatos evangelísticos imediatos de alguma pessoa. É tarefa mais ampla da apologética cristã, inclusive da teologia natural, ajudar a criar e manter um ambiente cultural em que o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para o homem e a mulher pensantes. Desta forma, isto fornece a permissão intelectual para as pessoas crerem quando seus corações forem tocados. À medida que avançamos no século XXI, eu antecipo que a teologia natural será uma preparação crescentemente vital e relevante para que as pessoas recebam o evangelho.


Bibliografia

Obras de estudiosos citados

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Obras de nível introdutório

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domingo, 2 de agosto de 2009

Deus existe?

A possibilidade da crença racional na existência de Deus é um dos tópicos filosóficos mais relevantes. Muito embora seja uma discussão já muito antiga - a história das provas racionais de existência de Deus remontam pelo menos à Santo Anselmo no século XI - , ela tem sido reeditada modernamente por filósofos, cientistas e humanistas e acompanhada com muito interesse pelo público em geral. Um dos defensores mais ativos da possiblidade de crença racional na existência de Deus é William Lane Craig, filósofo e teólogo americano, autor de vários livros de apologética.

No vídeo abaixo podemos assistir a um debate recente entre o renomado apologista e o Dr. Peter Atkins, químico, professor da Universidade de Oxford e notório ateu, acerca da crença racional em Deus. Infelizmente, o debate, realizado em língua inglesa, não está legendado. Por isso, disponibilizamos também um pequeno trecho do debate legendado que dá uma idéia das idéias expostas no debate, especialmente sobre a crença enganosa de que a ciência é um instrumento suficiente e capaz de explicar toda a realidade excluindo a existência de Deus. O debate é composto de 11 partes todas disponíveis no YouTube. Para assistir as demais partes, basta clicar no ícone correspondente a parte seguinte que está localizado nos vídeos relacionados ao final da exibição.



sábado, 1 de agosto de 2009

“Então Melquisedeque, rei de Salém, e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo:Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus inimigos em suas mãos. E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.” Gn. 14:18-20

Prezados, a ênfase para o mês de Agosto é fidelidade financeira. Publicamos para você algumas sugestões de obras sobre o assunto e que estão disponíveis na biblioteca:

Desmistificando o Dízimo – O que a Bíblia realmente ensina sobre o dinheiro./ Paulo José F. de Oliveira. São Paulo: ABU Editora, 2005.

Dizimista, eu?! .../ Paulo César Lima. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

Dízimo e Bênçãos./ Oswaldo Ramos. São Paulo: Ed. Vida, 1994.

Mordomia Cristã – Aprenda melhor como servir a Deus./ Elienai Cabral. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

Mordomia – A arte de administrar./Onésio Figueiredo. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP, 2002.

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” Mt. 6.33
imagem: biblicalstudies.info