sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Formação do Novo Testamento


"A alegria imensa e a paz profunda dos primeiros cristãos, testemunhadas pelo Novo Testamento, são inspiradas pela consciência comum a todos os autores de estar engajados nessa história particular e de participar de um mesmo acontecimento com todo o passado e todo o futuro. Fazendo parte dessa história, o tempo presente, intermediário entre a ressurreição de Cristo e seu retorno, ganha toda a sua importância como tempo do Espírito Santo, como tempo da Igreja, como tempo da pregação do evangelho. Pela fé, o ser humano do Novo Testamento integra sua existência individual nessa história, e precisamente no tempo e no lugar destinados a ele. Através de nosso nascimento natural fazemos parte da história de nossa família, de nosso povo e do mundo; 'crer' significa, no Novo Testamento, integrar-se, em virtude de uma decisão da fé, que é um 'novo nascimento', nessa história particular da salvação, cujo ponto culminante e significado é Cristo." (Cullmann, Oscar. A Formação do Novo Testamento. Tradução: Bertoldo Weber, 10ª ed. Revista, São Leopoldo: Sinodal, 2007, p. 95)


Ao contrário do que se possa pensar, a Sagrada Escritura não existiu sempre na forma como existe hoje. Ela possui uma longa história de estudos lingüísticos, históricos e arqueológicos, tradição e discussão doutrinária. O livro A Formação do Novo Testamento é uma introdução à história do cânon neotestamentário. Seu autor, um dos maiores especialistas no assunto no século XX, explica como o texto que temos hoje foi compilado a partir de uma diversidade de manuscritos que datam do século III até o século XII, explica as principais características das diversas famílias de documentos e variantes redacionais que chegaram até nós, e dabate brevemente sobre a sua confiabilidade, atestando que se trata de um dos documentos mais bem conservados da antigüidade.

Em seguida, analisa os aspectos contextuais de cada um dos 27 documentos que formam o material neotestamentário, discutindo a sua autoria, datação, geografia e principais idéias teológicas. Para tanto, o autor levanta os argumentos que apóiam as várias teorias a respeito dos temas problemáticos do cânon, como o problema sinótico, a legitimidade do Evangelho de João, a autoria das Epístolas Pastorais e das Universais, etc.

Por fim, o autor conclui pela unidade teológica fundamental dos componentes do cânon, que seria expressa pela idéia da participação individual e coletiva na História da Salvação que se desenrola desde a criação do mundo até o seu ponto culminante na história, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e adiante até consumação da história com a segunda vinda de Cristo.

Trata-se de um livro didático, sucinto e preciso, ideal para leitores leigos e iniciantes no estudo da Teologia a da História do Novo Testamento.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Cristo na cruz

Baltasar Estaço (1565-?) foi um padre e poeta português, autor de uma obra curtíssima, porém respeitável. O poema transcrito ilustra bem o caráter substitutivo da morte de Jesus, que toma nosso lugar na humilhação e na morte para que possamos, pelos merecimentos dEle, herdar os bens que não merecemos.

A Cristo na cruz
Por Baltasar Estaço

O bem que a tantos bens me convidava,
O qual desmereci, vós merecestes
Que a vida que por meu amor perdestes,
A vida me alcançou que eu desejava.

O mal que a tantos males me obrigava,
O qual não satisfiz, satisfizestes,
Que a morte que por meu amor sofrestes,
Da morte me livrou, que eu receava.

A vós Deus amoroso, a vós só amo,
De vós pratico, só, de vós escrevo,
Por vós a vida dou, e a morte quero,

Em vós fogo de amor, em vós me inflamo,
Pois que pago por vós o mal que devo,
E mereço por vós, o bem que espero.

domingo, 23 de maio de 2010

Ouve a voz da mulher

“Porém Deus disse a Abraão: (...) em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz;” Gênesis 21. 12.

Quem não deseja ouvir a voz de Deus? Deus nos fala: através da oração, leitura bíblica, circunstâncias e dos outros. O outro pode representar para nós a voz de Deus. Ao se reconciliar com Esaú, disse Jacó: “tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus” (Gn 33. 10). Para Abraão a voz de Deus estava na voz de Sara e isso como uma revelação e ordem explícita de Deus. Contudo, a história de Abraão nos traz um problema: Abraão, quando ainda era Abrão ouviu a voz de Sara, quando esta ainda era Sarai: “E ouviu Abrão a voz de Sarai” Gênesis 16. 2. Qual a diferença entre ouvir a voz de Sarai e ouvir a voz de Sara? Por que em um caso veio o fracasso e na segunda vez a voz dela foi canal da própria voz de Deus? Em princípio percebemos que a diferença entre as duas situações estava no comando divino, i.é., Abrão quis ouvir a voz de Sarai, mas Deus mandou Abraão ouvir a voz de Sara!

Significativamente o nome Sarai significa princesa e esta personagem bíblica, antes da transformação identificada pela mudança de seu nome (17: 15 - de Sarai para Sara), representa simbolicamente a presunção da nobreza espiritual, a síndrome de princesa! Nós podemos ouvir por trás da voz da presunção da nobreza as atitudes: a) de culpar Deus por seus próprios defeitos (16: 1-6); b) de agir de forma voluntariosa (16: 6); c) de fazer o mal em nome do bem, invertendo os valores (16: 6); d) de errar ativa e obstinadamente contra si mesmo (16: 3, 5); e) de esperar sempre e em primeiro lugar o melhor dos outros e não de si mesmo (16: 5); f) de invocar o nome de Deus para reparar seus erros (16: 5b) e finalmente g) de valorizar e favorecer as conquistas humanas acima das dádivas divinas.

O nome Sara significa mulher nobre e ela representa simbolicamente o estado de nobreza. Nós podemos ouvir, por trás da voz do estado de nobreza, as atitudes de: a) ainda cometer erros e duvidar (18: 12, 15) porque afinal se é humana e falível; b) ainda sofrer e correr riscos (20: 2, 13); c) trazer um “véu dos olhos”, isto é, ser declarada justa (20: 16); d) ser alvo da Graça, do favor imerecido do Deus que vem à nós com Graça, cura e transforma os nossos “defeitos” (21: 1); e) ter uma vida determinada por Deus (21: 2); f) Viver em sintonia com a vontade de Deus (21: 10) e finalmente, g) valorizar e favorecer as dádivas divinas acima das conquistas humanas.

A ordem divina dada a Abraão de “ouvir a voz da mulher”, é ordem divina dada a todos nós, filhos de Abraão pela fé (Gálatas 3. 7), para que ouçamos as vozes desses dois exemplos: de Sarai, a fim de que abandonemos toda a pretensão de nobreza espiritual! De Sara, a fim de que imitemos o genuíno e vívido estado de nobreza.

Sarai, Sara... Esses dois nomes representam duas formas de viver a nossa experiência com Deus e com os outros, com Deus e com a família, com Deus e com o outro. Sarai representa, sobretudo a escolha em viver a vida prioritariamente a partir do primado das conquistas humanas. Sara, a escolha de viver a vida prioritariamente a partir do primado das dádivas divinas. Qual a sua escolha? Qual das duas vozes você vai ouvir?


Pr. Josué Mello Salgado

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Introdução à Teologia Evangélica


Não há dúvida a respeito da grandiosa influência da teologia de Karl Barth. Aplaudido e criticado, Barth traçou uma carreira brilhante como pastor, pensador e, sobretudo, como professor universitário. A obra Introdução à Teologia Evangélica é o resultado da última preleção do teólogo suíço como professor na Basiléia. Ao mesmo tempo em que a obra resume e esclarece vários pontos da doutrina barthiana, aconselha os neófitos a respeito dos desafios, dificuldades e vantagens da vocação.


Para Barth, a Teologia é a disciplina, comumente caracterizada como científica, que tem por objeto o conhecimento a respeito de Deus. Porém, o termo "Deus" está longe de ser inequívoco. De fato, ele afirma: "Não existe ser humano que, de maneira consciente, inconsciente ou subconsciente, não tenha seu Deus ou deuses como objeto de seu desejo e confiança mais elevados, como base de sua vinculação e compromisso mais profundos". Sendo assim, muitas das ideologias que se autoproclamam atéias, seriam, na verdade, diferentes formas de teologia. A teologia que Barth procura introduzir é a teologia evangélica, entendida como aquela que está ligada diretamente à revelação testificada nas Escrituras Sagradas e, em especial, nas páginas do Novo Testamento e também à sua redescoberta pelos Reformadores no século XVI.

Segundo Barth, a característica principal da teologia evagélica é a modéstia. A teologia só pode tratar de Deus na medida em que o próprio Deus se revela e se volta para a existência humana. Se alguma teologia pode ser feita, deriva suas condições de possibilidade do fato de que o próprio Deus toma a iniciativa de se manifestar. A razão e o engenho humanos não podem por suas próprias forças "aproximar-se" do objeto da ciência teológica.

Além disso, a teologia evangélica é livre, porque raciocina com base em três premissas básicas: na existência do homem confrontada com a revelação; na fé desses seres humanos, que foram dotados com a vontade e a capacidade de reconhecerem a revelação como favorável; e na razão, que permite a cognição teológica. Todas essas premissas se submetem ao fato que Deus é a medida do próprio conhecimento teológico e não o homem. Sendo assim, o assunto da teologia não está preso aos parâmetros humanos, mas age livremente.

Também, a teologia é uma ciência crítica, pois enfrenta continuamente à crise de estar exposta ao seu objeto e por ter de se reformular continuamente, em razão da experiência contínua e dinâmica da auto-revelação.

E, por último, a teologia evangélica é uma ciência alegre, já que reconhece que Deus age continuamente em favor do homem e deseja relacionar-se amorosamente com ele.

Barth reconhece a importância das Escrituras Sagradas como testemunha da Palavra de Deus, que no vocabulário de Barth equivale à auto-revelação de Deus por meio de Jesus Cristo. Afirma que a Teologia está abaixo das Escrituras e não pode ignorar sua autoridade vinculante como fonte preferencial dos estudos. Porém, não deixa de reconhecer o papel central da comunidade (igreja) e especialmente do Espírito Santo na elaboração teórica e na compreensão existencial pessoal da Boa Nova.

O papel do teólogo concentra em si uma grande responsabilidade. Não é possível ao teólogo permanecer neutro ou imparcial ao seu assunto. Pelo contrário, o conhecimento de Deus gera um abalo que motiva o comprometimento.

Finalmente, o conselho de Barth a todos aqueles que foram chamados ao labor teológico é que cultivem continuamente a oração, o serviço o estudo e o amor.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

No outro lado do espelho da vida

“Disse mais o Senhor Deus: não é bom ao ser humano ser só; far-lhe-ei um socorro que lhe corresponda como uma imagem do outro lado do espelho” (tradução livre - Gênesis 2. 18).

O foco do texto em epígrafe é claramente a humanidade, o ser humano genérico! Esta interpretação é evidente tendo em vista o uso do termo hebraico adam para designar homem, abrangendo ambos os gêneros, em preferência a zakar (Gênesis 1. 27) ou iysh (Gênesis 2. 23) ambos usados exclusivamente para designar homem, sexo masculino. O termo adam ao lado de enosh (Salmo 8. 4) é termo designativo de ambos os gêneros (homem e mulher) como fica claro em Gênesis 1. 27: “Criou, pois, Deus o homem (ADAM) à Sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem (ZAKAR) e mulher (NEQEBAH) os criou”. Posteriormente o adam passou a ser também o nome próprio do primeiro homem: Adão.

Tal compreensão é fundamental para entendermos que o Deus revelado nas Escrituras não é machista e nem feminista. Ele não concentra sua atenção e preocupação sobre apenas um dos dois gêneros. Ele tem propósitos para ambos, e ambos são iguais em dignidade diante dEle e alvo do Seu incondicional amor e cuidado. Ambos são também “por um pouco, menor do que Deus” coroados por Ele “de glória e de honra” (Salmo 8. 4). Além disso são igualmente instrumentos úteis nas mãos de Deus. Curto: Deus não é ginófobo!

O ser humano criado é, no referido texto, alvo de um (auto) diagnóstico divino: “não é bom que o ser humano viva só”! Para Deus um ser humano que vive só, alimenta-se só, trabalha só, se diverte só, decide só e que articula sua abordagem do mundo só, sem interlocutor ou contraponto, está aquém do ideal e do projeto divino. O ser humano que vive portando-se como senhor absoluto da verdade, sem aceitar a convivência com outro como interlocutor e contraponto, preferindo o monólogo e não diálogo, vive só! Na verdade o primeiro “não é bom” da história humana não foi direcionado ao ser humano criado por Deus, mas à existência solitária!
A fim de suprir tal “existência solitária” – e há muitos que vivem assim, mesmo rodeados de uma multidão – Deus providencia a Sua solução: um socorro que lhe corresponda como uma imagem do outro lado do espelho” (hebr. etzer kenegdô). O etzer (substantivo masculino singular) tem o sentido de auxílio, ajuda e socorro, não como inferior ou subalterno, mas exatamente o contrário, como superior no sentido de ter condições de auxiliar, ajudar e socorrer quem precisa e está em condição de desvantagem (conf. II Reis 14. 26, Jó 29. 12, Salmo 30. 10, Salmo 54. 4, Salmo 72. 12). O ser humano só estava em desvantagem e precisava de alguém que o ajudasse, o socorresse, quem o auxiliasse a viver melhor. O texto mais paradigmático do uso de etzer é com certeza I Samuel 7: 12: “Então, tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mispa e Sem, e chamou o seu nome Ebenézer (hebr. eben-ha-etzer = pedra de auxílio) e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR.” O outro, homem e/ou mulher, são para nós esse socorro divino para nos ajudar a não mais vivermos sós! Neste sentido eles são para nós representantes do Deus chamado largamente na Bíblia de auxílio (etzer). Não é à-toa que Jacó, ao se reconciliar com Esaú, disse: “porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus” (Gênesis 33. 10)

Finalmente este socorro providenciado por Deus é qui nagad (na frente de, diante de, à frente de, em frente de). A idéia é a de um espelho no qual ao se olhar o ser humano vê do outro lado outro ser humano semelhante. O homem não pôde encontrar esse outro semelhante entre os animais (Gênesis 2. 20), por isso o outro será chamado “osso dos ossos” e “carne da carne”. É da mesma matéria prima!

Ninguém precisa mais viver sozinho! Ninguém deve viver mais sozinho! Por isso Deus oferece no outro, cônjuge, irmão, irmã, pai, mãe, parente, amigo, amiga, semelhante, um socorro como companhia e/ou contraponto olhado no outro lado do espelho da vida. Por isso, “Deus faz que o solitário viva em família” (Salmo 68. 6), inclusive na família de Deus, a Igreja.


Pr. Josué Mello Salgado

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Princípios Batistas - A autoridade

A AUTORIDADE

1- Cristo como Senhor

A fonte suprema da autoridade cristã é o Senhor Jesus Cristo. Sua soberania emana da eterna divindade e poder – como o unigênito filho do Deus Supremo – de sua redenção vicária e ressurreição vitoriosa. Sua autoridade é a expressão de amor justo, sabedoria infinita e santidade divina, e se aplica à totalidade da vida. Dela procede a integridade do propósito cristão, o poder da dedicação cristã, a motivação da lealdade cristã. Ela exige a obediência aos mandamentos de Cristo, dedicação ao seu serviço, fidelidade ao seu reino e a máxima devoção à sua pessoa, como o Senhor vivo.

A suprema fonte de autoridade é o Senhor Jesus Cristo, e toda a esfera da vida está sujeita à sua soberania.

2- As Escrituras

A Bíblia fala com autoridade porque é a palavra de Deus. É a suprema regra de fé e prática porque é testemunha fidedigna e inspirada dos atos maravilhosos de Deus através da revelação de si mesmo e da redenção, sendo tudo patenteado na vida, nos ensinamentos e na obra salvadora de Jesus Cristo. As Escrituras revelam a mente de Cristo e ensinam o significado de seu domínio. Na sua singular e una revelação da vontade divina para a humanidade, a Bíblia é a autoridade final que atrai as pessoas a Cristo e as guia em todas as questões de fé cristã e dever moral. O indivíduo tem que aceitar a responsabilidade de estudar a Bíblia, com a mente aberta e com atitude reverente, procurando o significado de sua mensagem através de pesquisa e oração, orientando a vida debaixo de sua disciplina e instrução.

A Bíblia como revelação inspirada da vontade divina, cumprida e completada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo é a nossa regra autorizada de fé e prática.

3- O Espírito Santo

O Espírito Santo é a presença ativa de Deus no mundo e, particularmente, na experiência humana. É Deus revelando sua pessoa e vontade ao homem. O Espírito, portanto, é a voz da autoridade divina. É o Espírito de Cristo, e sua autoridade é a vontade de Cristo. Visto que as Escrituras são produto de homens que, inspirados pelo Espírito, falaram por Deus, a verdade da Bíblia expressa a vontade do Espírito, compreendida pela iluminação do mesmo. Ele convence os homens do pecado, da justiça e do juízo, tornando, assim, efetiva a salvação individual, através da obra salvadora de Cristo. Ele habita no coração do crente, como advogado perante Deus e intérprete para o homem. Ele atrai o fiel para a fé e a obediência e, assim, produz na sua vida os frutos da santidade e do amor.

O Espírito procura alcançar vontade e propósito divinos entre os homens. Ele dá aos cristãos poder e autoridade para o trabalho do reino e santifica e preserva os redimidos, para o louvor de Cristo; exige uma submissão livre e dinâmica à autoridade de Cristo, e uma obediência criativa e fiel à palavra de Deus.

O Espírito Santo é o próprio Deus revelando sua pessoa e vontade aos homens. Ele, portanto, interpreta e confirma a voz da autoridade divina.

sábado, 15 de maio de 2010

Princípios Batistas - A Nossa Tarefa Contínua

A NOSSA TAREFA CONTÍNUA


1- A centralidade do indivíduo

Os batistas, historicamente, têm exaltado o valor do indivíduo, dando-lhe um lugar central no trabalho das igrejas e da denominação. Essa distinção, entretanto, está em perigo nestes dias de automatismo e pressões para o conformismo. Alertados para esses perigos, dentro das próprias fileiras, tanto quanto no mundo, os batistas devem preservar a integridade do indivíduo.

O alto valor do indivíduo deve refletir-se nos serviços de culto, no trabalho evangelístico, nas obras missionárias, no ensino e treinamento da mordomia, em todo o programa de educação cristã. Os programas são justificados pelo que fazem pelos indivíduos por eles influenciados. Isso significa, entre outras coisas, que o indivíduo nunca deve ser usado como um meio, nunca deve ser manobrado, nem tratado como mera estatística. Esse ideal exige, antes, que seja dada primordial consideração ao indivíduo, na sua liberdade moral, nas suas necessidades urgentes e no seu valor perante Cristo.

De consideração primordial na vida e no trabalho de nossas igrejas é o indivíduo, com seu valor, suas necessidades, sua liberdade moral, seu potencial perante Cristo.

2- Culto

O culto a Deus, pessoal ou coletivo, é a expressão mais elevada da fé e devoção cristã. É supremo tanto em privilégio quanto em dever. Os batistas enfrentam uma necessidade urgente de melhorar a qualidade do seu culto, a fim de experimentarem coletivamente uma renovação de fé, esperança e amor, como resultado da comunhão com o Deus supremo.

O culto deve ser coerente com a natureza de Deus, na sua santidade: uma experiência, portanto, de adoração e confissão que se expressa com temor e humildade. O culto não é mera forma e ritual, mas uma experiência com o Deus vivo, através da meditação e da entrega pessoal. Não é simplesmente um serviço religioso, mas comunhão com Deus na realidade do louvor, na sinceridade do amor e na beleza da santidade.

O culto torna-se significativo quando se combinam, com reverência e ordem, a inspiração da presença de Deus, a proclamação do evangelho, a liberdade e a atuação do Espírito. O resultado de tal culto será uma consciência mais profunda da santidade, majestade e graça de Deus, maior devoção e mais completa dedicação à vontade de Deus.

O culto – que envolve uma experiência de comunhão com o Deus vivo e santo – exige uma apreciação maior sobre a reverência e a ordem, a confissão e a humildade, a consciência da santidade, majestade, graça e propósito de Deus.

3- O ministério cristão

A igreja e todos os seus membros estão no mundo a fim de servir. Em certo sentido, cada filho de Deus é chamado como cristão. Há, entretanto, uma falta generalizada no sentido de negar o valor devido à natureza singular da chamada como vocação ao serviço de Cristo. Maior atenção neste ponto é especialmente necessária, em face da pressão que recebem os jovens competentes para a escolha de algum ramo das ciências e, ainda mais devido ao número decrescente daqueles que estão atendendo à chamada divina, para o serviço de Cristo.

Os que são chamados pelo Senhor para o ministério cristão devem reconhecer que o fim da chamada é servir. São, no sentido especial, escravos de Cristo e seus ministros nas igrejas e junto ao povo. Devem exaltar suas responsabilidades, em vez de privilégios especiais. Suas funções distintas não visam à vanglória; antes, são meios de servir a Deus, à igreja e ao próximo.

As igrejas são responsáveis perante Deus por aqueles que elas consagram ao seu ministério. Devem manter padrões elevados para aqueles que aspiram à consagração, quanto à experiência e ao caráter cristãos. Devem incentivar os chamados a procurarem o preparo adequado ao seu ministério.

Cada cristão tem o dever de ministrar ou servir com abnegação completa; Deus, porém, na sua sabedoria, chama várias pessoas de um modo singular para dedicarem sua vida de tempo integral ao ministério relacionado com a obra da igreja.

4- Evangelismo

O evangelismo é a proclamação do juízo divino sobre o pecado, e das boas novas da graça divina em Jesus Cristo. É a resposta dos cristãos às pessoas na incidência do pecado, é a ordem de Cristo aos seus seguidores, a fim de que sejam suas testemunhas frente a todos os homens. O evangelismo declara que o evangelho, e unicamente o evangelho, é o poder de Deus para a salvação. A obra de evangelismo é básica na missão da igreja e no mister de cada cristão.

O evangelismo, assim concebido, exige um fundamento teológico firme e uma ênfase perene nas doutrinas básicas da salvação. O evangelismo neotestamentário é a salvação por meio do evangelho e pelo poder do Espírito. Visa à salvação do homem todo; confronta os perdidos com o preço do discipulado e as exigências da soberania de Cristo; exalta a graça divina, a fé voluntária e a realidade da experiência de conversão.

Convites feitos a pessoas não salvas nunca devem desvalorizar essa realidade imperativa. O uso de truques de psicologia das massas, os substitutivos da convicção e todos os esquemas vaidosos são pecados contra Deus e contra o indivíduo. O amor cristão, o destino dos pecadores e a força do pecado constituem uma urgência obrigatória.

A norma de evangelismo exigida pelos tempos críticos dos nossos dias é o evangelismo pessoal e coletivo, o uso de métodos sãos e dignos, o testemunho de piedade pessoal e dum espírito semelhante ao de Cristo, a intercessão pela misericórdia e pelo poder de Deus, e a dependência completa do Espírito Santo.

O evangelismo, que é básico no ministério da igreja e na vocação do crente, é a proclamação do juízo e da graça de Deus em Jesus Cristo e a chamada para aceitá-lo como Salvador e segui-lo como Senhor.

5- Missões

Missões, como usamos o termo, é a extensão do propósito redentor de Deus através do evangelismo, da educação e do serviço cristão além das fronteiras da igreja local. As massas perdidas do mundo constituem um desafio comovedor para as igrejas cristãs.

Uma vez que os batistas acreditam na liberdade e competência de cada um para as próprias decisões, nas questões religiosas, temos a responsabilidade perante Deus de assegurar a cada indivíduo o conhecimento e a oportunidade de fazer a decisão certa. Estamos sob a determinação divina, no sentido de proclamar o evangelho a toda a criatura. A urgência da situação atual do mundo, o apelo agressivo de crenças e ideologias exóticas, e nosso interesse pelos transviados exigem de nós dedicação máxima em pessoal e dinheiro, a fim de proclamar-se a redenção em Cristo, para o mundo todo.

A cooperação nas missões mundiais é imperativa. Devemos utilizar os meios à nossa disposição, inclusive os de comunicação em massa, para dar o Evangelho de Cristo ao mundo. Não devemos depender exclusivamente de um grupo pequeno de missionários especialmente treinados e dedicados. Cada batista é um missionário, não importa o local onde mora ou posição que ocupa. Os atos pessoais ou de grupos, as atitudes em relação a outras nações, raças e religiões fazem parte do nosso testemunho favorável ou contrário a Cristo, o qual, em cada esfera e relação da vida, deve fortalecer nossa proclamação de que Jesus é o Senhor de todos.

As missões procuram a extensão do propósito redentor de Deus em toda parte, através do evangelismo, da educação, e do serviço cristão e exige de nós dedicação máxima.

6- Mordomia

A mordomia cristã é o uso, sob a orientação divina, da vida, dos talentos, do tempo e dos bens materiais, na proclamação do Evangelho e na prática respectiva. No partilhar o Evangelho, a mordomia encontra seu significado mais elevado: ela é baseada no reconhecimento de que tudo o que temos e somos vem de Deus, como uma responsabilidade sagrada.

Os bens materiais em si não são maus, nem bons. O amor ao dinheiro, e não o dinheiro em si, é a raiz de todas as espécies de males. Na mordomia cristã o dinheiro torna-se o meio para alcançar bens espirituais, tanto para a pessoa que dá, quanto para quem recebe. Aceito como encargo sagrado, o dinheiro torna-se não uma ameaça e sim uma oportunidade. Jesus preocupou-se em que o homem fosse liberto da tirania dos bens materiais e os empregasse para suprir tanto às necessidades próprias como as alheias.

A responsabilidade da mordomia aplica-se não somente ao cristão como indivíduo, mas, também, a cada igreja local, cada convenção, cada agência da denominação. Aquilo que é confiado ao indivíduo ou à instituição não deve ser guardado nem gasto egoisticamente, mas empregado no serviço da humanidade e para a glória de Deus.

A mordomia cristã concebe toda a vida como um encargo sagrado, confiado por Deus, e exige o emprego responsável de vida, tempo, talentos e bens – pessoal ou coletivamente – no serviço de Cristo.

7- O ensino e treinamento

O ensino e treinamento são básicos na comissão de Cristo para os seus seguidores, constituindo um imperativo divino pela natureza da fé e experiência cristãs. Eles são necessários ao desenvolvimento de atitudes cristãs, à demonstração de virtudes cristãs, ao gozo de privilégios cristãos, ao cumprimento de responsabilidades cristãs, à realização da certeza cristã. Devem começar com o nascimento do homem e continuar através de sua vida toda. São funções do lar e da igreja, divinamente ordenadas. E constituem o caminho da maturidade cristã.

Desde que a fé há de ser pessoal, e voluntária cada resposta à soberania de Cristo, o ensino e treinamento são necessários antecipadamente ao Discipulado Cristão, e a um testemunho vital. Este fato significa que a tarefa educacional da igreja deve ser o centro do programa. A prova do ministério do ensino e treinamento está no caráter semelhante ao de Cristo e na capacidade de enfrentar e resolver eficientemente os problemas sociais, morais e espirituais do mundo hodierno. Devemos treinar os indivíduos a fim de que possam conhecer a verdade que os liberta, experimentar o amor que os transforma em servos da humanidade, e alcançar a fé que lhes concede a esperança no reino de Deus.

A natureza da fé e experiência cristãs e a natureza e necessidades das pessoas fazem do ensino e treinamento um imperativo.

8- Educação cristã

A fé e a razão aliam-se no conhecimento verdadeiro. A fé genuína procura compreensão e expressão inteligente. As escolas cristãs devem conservar a fé e a razão no equilíbrio próprio. Isto significa que não ficarão satisfeitas senão com os padrões acadêmicos elevados. Ao mesmo tempo, devem proporcionar um tipo distinto de educação – a educação infundida pelo espírito cristão, com a perspectiva cristã e dedicada aos valores cristãos.

Nossas escolas cristãs têm a responsabilidade de treinar e inspirar homens e mulheres para a liderança eficiente, leiga e vocacional, em nossas igrejas e no mundo. As igrejas, por sua vez, têm a responsabilidade de sustentar condignamente todas as suas instituições educacionais.
Os membros de igrejas devem ter interesse naqueles que ensinam em suas instituições, bem como naquilo que estes transmitem. Há limites para a liberdade acadêmica; deve ser admitido, entretanto, que os professores das nossas instituições tenham liberdade para erudição criadora, com o equilíbrio de um senso profundo de responsabilidade pessoal para com Deus, a verdade, a denominação, e as pessoas a quem servem.

A educação cristã emerge da relação da fé e da razão e exige excelência e liberdade acadêmicas que são tanto reais quanto responsáveis.

9- A autocrítica

Tanto a igreja local quanto a denominação, a fim de permanecerem sadias e florescentes, têm que aceitar a responsabilidade da autocrítica. Seria prejudicial às igrejas e à denominação se fosse negado ao indivíduo o direito de discordar, ou se fossem considerados nossos métodos ou técnicas como finais ou perfeitos. O trabalho de nossas igrejas e de nossa denominação precisa de freqüente avaliação, a fim de evitar a esterilidade do tradicionalíssimo. Isso especialmente se torna necessário na área dos métodos, mas também se aplica aos princípios e práticas históricas em sua relação à vida contemporânea. Isso significa que nossas igrejas, instituições e agências devem defender e proteger o direito de o povo perguntar e criticar construtivamente.

A autocrítica construtiva deve ser centralizada em problemas básicos e assim evitar os efeitos desintegrantes de acusações e recriminações. Criticar não significa deslealdade; a crítica pode resultar de um interesse profundo do bem-estar da denominação. Tal crítica visará ao desenvolvimento à maturidade cristã, tanto para o indivíduo quanto para a denominação.
Todo grupo de cristãos, para conservar sua produtividade, terá que aceitar a responsabilidade da autocrítica construtiva.

Como batistas, revendo o progresso realizado no decorrer dos anos, temos todos inteira razão de desvanecimento ante as evidências do favor de Deus sobre nós. Os batistas podem bem cantar com alegria, “Glória a Deus, grandes coisas Ele fez!” Podem eles também lembrar que aqueles aos quais foi dado o privilégio de gozar de tão alta herança, reconhecidos ao toque da graça, devem engrandecê-la com os seus próprios sacrifícios.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Princípios Batistas - A Igreja

A IGREJA


1- Sua natureza

No Novo Testamento o termo igreja é usado para designar o povo de Deus na sua totalidade, ou só uma assembléia local. A igreja é uma comunidade fraterna das pessoas redimidas por Cristo Jesus, divinamente chamadas, divinamente criadas, e feitas uma só debaixo do governo soberano de Deus. A igreja como uma entidade local – um organismo presidido pelo Espírito Santo – é uma fraternidade de crentes em Jesus Cristo, que se batizaram e voluntariamente se uniram para o culto, estudo, a disciplina mútua, o serviço e a propagação do evangelho, no local da igreja e até os confins da terra.

A igreja, no sentido lato, é a comunidade fraterna de pessoas redimidas por Cristo e tornadas uma só na família de Deus. A igreja, no sentido local, é a companhia fraterna de crentes batizados, voluntariamente unidos para o culto, desenvolvimento espiritual e serviço.

2- Seus membros

A igreja, como uma entidade, é uma companhia de crentes regenerados e batizados que se associam num conceito de fé e fraternidade do evangelho. Propriamente, a pessoa qualifica-se para ser membro de igreja por ser nascida de Deus e aceitar voluntariamente o batismo. Ser membro de uma igreja local, para tais pessoas, é um privilégio santo e um dever sagrado. O simples fato de arrolar-se na lista de membros de uma igreja não torna a pessoa membro do corpo de Cristo. Cuidado extremo deve ser exercido a fim de que sejam aceitas como membros da igreja somente as pessoas que dêem evidências positivas de regeneração e verdadeira submissão a Cristo.

Ser membro de igreja é um privilégio, dado exclusivamente a pessoas regeneradas que voluntariamente aceitam o batismo e se entregam ao discipulado fiel, segundo o preceito cristão.

3- Suas ordenanças

O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja. São símbolos, mas sua observância envolve fé, exame de consciência, discernimento, confissão, gratidão, comunhão e culto. O batismo é administrado pela igreja, sob a autoridade do Deus triúno, e sua forma é a imersão daquele que, pela fé, já recebeu a Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Por esse ato o crente retrata a sua morte para o pecado e a sua ressurreição para uma vida nova.

A ceia do Senhor, observada através dos símbolos do pão e do vinho, é um profundo esquadrinhamento do coração, uma grata lembrança de Jesus Cristo e sua morte vicária na cruz, uma abençoada segurança de sua volta e uma jubilosa comunhão com o Cristo vivo e seu povo.

O batismo e a ceia do Senhor, as duas ordenanças da igreja, são símbolos da redenção, mas sua observância envolve realidades espirituais na experiência cristã.

4- Seu governo

O princípio governante para uma igreja local é a soberania de Jesus Cristo. A autonomia da igreja tem como fundamento o fato de que Cristo está sempre presente e é a cabeça da congregação do seu povo. A igreja, portanto, não pode sujeitar-se à autoridade de qualquer outra entidade religiosa. Sua autonomia, então, é válida somente quando exercida sob o domínio de Cristo.

A democracia, o governo pela congregação, é forma certa somente à medida que, orientada pelo Espírito Santo, providencia e exige a participação consciente de cada um dos membros nas deliberações do trabalho da igreja. Nem a maioria, nem a minoria, tampouco a unanimidade, reflete necessariamente a vontade divina.

Uma igreja é um corpo autônomo, sujeito unicamente a Cristo, sua cabeça. Seu governo democrático, no sentido próprio, reflete a igualdade e responsabilidade de todos os crentes, sob a autoridade de Cristo.

5- Sua relação para com o estado

Tanto a igreja como o estado são ordenados por Deus e responsáveis perante ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino; nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público.

A igreja é uma comunhão voluntária de cristãos, unidos sob o domínio de Cristo para o culto e serviço em seu nome. O estado não pode ignorar a soberania de Deus nem rejeitar suas leis como a base da ordem moral e da justiça social. Os cristãos devem aceitar suas responsabilidades de sustentar o estado e obedecer ao poder civil, de acordo com os princípios cristãos.

O estado deve à igreja a proteção da lei e a liberdade plena, no exercício do seu ministério espiritual. A igreja deve ao estado o reforço moral e espiritual para a lei e a ordem, bem como a proclamação clara das verdades que fundamentam a justiça e a paz. A igreja tem a responsabilidade tanto de orar pelo estado quanto de declarar o juízo divino em relação ao governo, às responsabilidades de uma soberania autêntica e consciente, e aos direitos de todas as pessoas. A igreja deve praticar coerentemente os princípios que sustenta e que devem governar a relação entre ela e o estado.

A igreja e o estado são constituídos por Deus e perante Ele responsáveis. Devem permanecer distintos, mas têm a obrigação do reconhecimento e reforço mútuos, no propósito de cumprir-se a função divina.

6- Sua relação para com o mundo

Jesus Cristo veio ao mundo, mas não era do mundo. Ele orou não para que seu povo fosse tirado do mundo, mas que fosse liberto do mal. Sua igreja, portanto, tem a responsabilidade de permanecer no mundo, sem ser do mundo. A igreja e o cristão, individualmente, têm a obrigação de opor-se ao mal e trabalhar para a eliminação de tudo que corrompa e degrade a vida humana. A igreja deve tomar posição definida em relação à justiça e trabalhar fervorosamente pelo respeito mútuo, a fraternidade, a retidão, a paz, em todas as relações entre os homens, raças e nações. Ela trabalha confiante no cumprimento final do propósito divino no mundo.

Esses ideais, que têm focalizado o testemunho distintivo dos batistas, choca-se com o momento atual do mundo e em crucial significação. As forças do mundo os desafiam. Certas tendências em nossas igrejas e denominação põem-nos em perigo. Se esses ideais servirem para inspirar os batistas, com o senso da missão digna da hora presente, deverão ser relacionados com a realidade dinâmica de todo o aspecto de nossa tarefa contínua.

A igreja tem uma posição de responsabilidade no mundo; sua missão é para com o mundo; mas seu caráter e ministério são espirituais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

À Coroa de Espinhos

Agostinho da Cruz (1540-1619) é o nome pelo qual ficou conhecido o poeta português Agostinho Pimenta, Frei da ordem de São Francisco. Sua poesia ficou marcada pelo fervor espiritual com que traduzia suas experiências com Deus para os versos. O poema transcrito fala da pureza do amor de Cristo, que, mesmo rejeitado, entregou-se para a redenção daqueles que o haviam desprezado. Morto de amor, Cristo de amor mata a morte, a maldição antiga. A coroa de espinhos, que dá título ao poema, simboliza essa dinâmica: os espinho que ferem o Senhor, são então destruídos.
À coroa de espinhos
Agostinho da Cruz


A que vindes, Senhor do Céu à terra,
Terra que sendo vossa vos enjeita,
E que tanto vos honra e vos respeita,
Que em não vos receber insiste e emperra?

Ah! Quanta ingratidão nela s’encerra!
Quão mal de vossa vinda se aproveita!
Pois se põe a tomar-vos conta estreita,
Mais brada contra vós, quanto mais erra.

E vós de vosso amor puro forçado
Os malditos espinhos lhe pisais,
Dos quais ainda sendo coroado,

A maldição antiga lhe trocais
Na bênção, que lhe dais crucificado,
Quando morto d’amor, d’amor matais.

domingo, 9 de maio de 2010

Maio: mês da Família e homenagem às mães





Neste post prestamos uma homenagem às mães e lembramos que o tema "Família" é a ênfase do mês de maio.
Sobre esse tema, sugerimos algumas obras, disponíveis em nossa biblioteca, cuja leitura pode auxiliar você a refletir sobre o assunto:

1. Deus está nas pequenas coisas da Família. Bruce Bickel e Stan Jantz. Editora United Press, 2001
. Sinopse: Deus lhe deu uma família: O Deus maravilhoso que colocou as estrelas no espaço também se deleita nos pequenos detalhes. Ele faz de cada floco de neve uma obra única e especial. Ele sabe quantos fios de cabelo há em sua cabeça. Ele compreende as alegrias e luta que você enfrenta com seu cônjuge e com seus filhos. E Ele sabe que as “pequenas coisas” exercem um grande impacto em sua família.

= A beleza simples das flores frescas na mesa de jantar.
= Os momentos que você passa ensinando seus filhos sobre o Deus que os criou.
= O riso e a alegria que se entrelaçam durante cada dia.
= O cartão encorajador que você envia para uma tia predileta.
= A maneira gentil como você diz “não” para seu filho pequeno.

São estes pequenos detalhes que tornam sua casa um lar cordial e hospitaleiro.
São as pequenas coisas que trazem seus filhos de volta, mesmo depois de terem saído de casa para morar sozinhos. São as pequenas coisas que Deus utiliza para tocar seu coração e sua vida de forma grandiosa. Ele quer abençoar sua família nos e por meio dos pequenos detalhes da vida de seus familiares.
Permita que Bruce e Stan revelem o papel de Deus no dia-a-dia de sua vida familiar.
(fonte: http://shopping.lagoinha.com)

2. Família forte – cultivando a sabedoria na vida familiar. Charles R.Swindoll. Ed. Atos, 2002.
. Sinopse: Ao redor do mundo, as pessoas fazem esta pergunta todos os dias. Mas o que é preciso para respondê-la?
A verdadeira família não é apenas um conjunto de marido, mulher e filhos; é bem mais que isso.
A formação de uma estrutura familiar depende, e muito, de como os seus membros estão integrados, de como o campanheirismo é valorizado e praticado.
Família Forte é um verdadeiro tesouro de lições, que busca restaurar esta estrutura tão importante para os dias de hoje, onde os constantes conflitos que atingem a sociedade deixam, cada vez mais, as pessoas fragilizadas, precisando de apoio e proteção. O refúgio no laço familiar pode ser a salvação que muitos precisam. E uma família enraizada na Palavra de Deus é sempre a melhor escolha.
Ovelhas desgarradas são presas fáceis para o lobo.
Neste completo guia para a restauração da família, o importante e respeitado autor de grande bestsellers mundiais, Charles R. Swindoll, nos mostra como construir um relacionamento ainda mais intenso dentro das famílias. Aprofundando-se em questionamentos e grandes aflições que abalam a ordem familiar atual, através de interessantes e práticos exemplos, o autor aponta as saídas para quem se vê cercado pelos mais variados e constantes problemas.
Lidar com o crescimento dos filhos, briga entre irmãos, problemas financeiros, queda de afetividade, divórcio... Não importa a dificuldade. A construção de um lar com amor, onde existe respeito mútuo e a valorização máxima dos princípios de Deus, nos bons ou maus momentos, é o segredo para se criar uma família unida e que, acima de tudo, permanece unida.
(fonte: http://www.erdos.com.br)

3. O mito da família perfeita – talvez a sua família seja melhor do que você imagina. Israel Belo de Azevedo. Textus Editora, 2003.
. Sinopse: A minha família é assim porque eu sou assim. Mente quem diz que é fácil viver em família. Ninguém escolhe a família de que faz parte. O filho não escolhe o pai que vai ter. Um irmão não escolhe seu irmão. São todos da mesma família, mas ninguém pediu para estar ali. Nenhum de nós consegue ter a família que gostaria. Por melhor que seja a nossa família, gostaríamos que ela fosse ainda melhor. Quero desafiar aos que estão satisfeitos com a sua família a não ficarem satisfeitos e quero desafiar aos que estão insatisfeitos a não desistirem dela.
Não existe família perfeita Este é um mito a ser derrubado. É como o jardim do vizinho, cuja grama parece sempre mais verde do que a do nosso. É como o prato da mesa do vizinho, cuja comida parece sempre mais gostosa do que a do nosso. Às vezes, os filhos olham para certos pais de seus colegas e dizem: -- Ah, se eu tivesse um pai como esse! Às vezes, os pais olham para certos filhos tão comportados, tão dedicados, e suspiram: -- Ah, se eu tivesse filhos como estes. Às vezes, uma esposa olha para um outro homem e reclama: -- Por que não tenho um marido como este? Às vezes, um marido olha para uma outra mulher e se lamenta: -- Por que é que não tenho uma esposa como esta, tão dedicada, tão atenciosa, tão amorosa? Por que há tanta gente querendo ter a família que não tem? Por que tantos estão tão insatisfeitos com seus filhos e cônjuges?

Israel Belo de Azevedo: Capixaba, reside no Rio de Janeiro, onde pastoreia a Igreja Batista Itacuruçá (Tijuca) e dirige o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil.
(fonte: http://www.erdos.com.br)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Fazendeiro de Deus: uma história de fé e disseminação da Palavra de Deus


Confiança e crença no poder da fé. Essas são as principais características demonstradas em “O Fazendeiro de Deus”. O filme conta a história de Angus Buchan, um fazendeiro de origem escocesa, muito trabalhador, dedicado à mulher e aos filhos que se muda para à África do Sul para crescer e fazer riquezas, mas acaba enfrentando muitas dificuldades, sofre uma série de perdas. Apesar de todos os sofrimentos que passa, descobre o verdadeiro propósito da sua vida, o de servir e confiar no poder de Deus. Como consequência, em vez de riqueza, o fazendeiro passa a buscar ao Senhor e a disseminar a sua Palavra e encontra a felicidade, a paz e o sucesso. É uma história muito comovente e espetacular.

O gênero da produção é drama. Sua classificação etária é de 16 anos. Possui um elenco incrível entre eles Frank Rautenbach e Jeanne Nielson. Esse filme é baseado em fatos reais. Um dos fatos que mais chama a atenção é sua forma rústica, original e a maneira que ele prega a fé em Cristo.

Fazenda
Sua fazenda acabou tornando-se um ministério onde emprega trabalhadores locais, também criou um orfanato que acolhe crianças órfãs e vítimas da Aids. Vale a pena assistir o filme!

Por Priscila Rocha


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Aquisições do mês de abril



Incremente seus momentos de lazer com leituras que nos edificam!

Divulgamos nossas aquisições realizadas no mês de abril:




BOUNDS, E. M. Poder pela Oração. São Paulo - SP: Editora Vida, 2010. 91p. ISBN 978-85-383-0127-1.

BRAATEN, Carl E.; JENSON, Robert W. Dogmática Cristã. Tradução de Luís M. Sander, Luís H. Dreher, Gerrit Delfstra. 3ª. São Leopoldo - RS: Sinodal - RS, 2002. 2 v. ISBN 852330206-9.

FRANK VIOLA & GEORGE BARNA. Cristianismo Pagão?: Analisando as origens das práticas e tradições da Igreja. São Paulo - SP: Abba Press Editora, 2008. 407p. ISBN 978-85-7857-013-2.

GONZALES, Justo L.; ORLANDI, Carlos Cardoza. História do Movimento Missionário. Tradução de Silvana Perrella Brito. 1ª. São Paulo - SP: Hagnos, 2010. 543 p. ISBN 978-85-7742-040-7.

GRUDEM, Wayne. O dom de Profecia: Do Novo Testamento aos dias atuais. São Paulo - SP: Editora Vida, 2004. 492p. ISBN 85-7367-737-6.

HARVEY, Dave. Quando pecadores dizem "sim". São José dos Campos - SP: Fiel - SP, 2009. 174p. ISBN 978-8599145-71-5.

HENDRIKSEN, William. João. Tradução de Elias Dantas Filho, Neuza Batista da Silva. 1ª. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2004. 956 p. (Comentário do Novo Testamento). ISBN 857622031-8.

HOUSTON, James. O Discípulo: O aprendizado é uma longa caminhada com o verdadeiro mestre. Brasília - DF: Palavra - DF, 2010. 248p. ISBN 978-85-60387-59-5.

JAKES, T.D . Mulher, tu estás livre!: Curando as feridas do passado. São Paulo - SP: Editora Vida, 2010. 223p. ISBN 978-85-383-0156-1.

JANZEN, Ernst W. Rumo ao Altar: Um guia para quem vai se casar. Curitiba - PR: Evangélica Esperança, 2009. 135p. ISBN 978-85-7839-020-4.

JONES, Stanley. Cristo e o sofrimento humano. São Paulo - SP: Vida - SP, 2006. 154p. ISBN 85-7367-978-6.

KISTEMAKER, Simon J. Apocalipse: Comentário do Novo Testamento. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2004. 784p. (Coleção Comentario do Novo Testamento). ISBN 85-86886-93-9.

LOPES, Edson Pereira. O conceito de teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. São Paulo - SP:Editora Mackenzie, 2003. 201p. (Descoberta; v. 1). ISBN 85-87739-51-4.

MANNING, Brennan. O anseio furioso de Deus. São Paulo - SP: Mundo Cristão - SP, 2010. 107p. ISBN 978-85-7325-600-0.

MCMANUS, Erwin Raphael. Uma Força em Movimento: A espiritualidade que transforma a cultura. São Paulo - SP: Garimpo, 2009. 255p. ISBN 978-85-62877-02-5.

MENEZES, Aldo. Testemunhas de Jeová: Exposição e refutação de suas doutrinas. [S.l.]: Juerp - RJ. ISBN 978-85-383-0142-4.

METTINGER, Tryggve N.D. O Significado e a Mensagem dos Nomes de Deus na Bíblia. Santo André - São Paulo: Academia Cristã, 2008. 332p. ISBN 978-85-98481-22-7.

OGDEN, Greg. Elementos essenciais do Discipulado: Um guia para edificar sua vida em Cristo. São Paulo - SP:Editora Vida, 2010. 274p. ISBN 987-85-383-0144-8.

OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica: Uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo - SP: Vida Nova - SP, 2009. 767p. ISBN 978-85-275-0422-5.

OWEN, John. Por quem Cristo morreu?. 2a. São Paulo - SP: PES, 1996. 104p.

PAROSCHI, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. 2ª. [S.l.]: Juerp - RJ, 2008. 248 p. ISBN 978-85-275-0181-1.

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento do Novo Testamento. 1ª. São Paulo - SP: Hagnos, 2008. 631 p. ISBN 978-85-7742-034-6.

POLLOCK, John. Moody - uma biografia. São Paulo - SP: Editora Vida, 2005. 415p. ISBN 85-7367-908-5.

RICHARDS, Lawrence O. Teologia da Educação Cristã. 3a. São Paulo - SP: Vida Nova, 1996. 270p.

ROCHA, Alessandro. Teologia Sistemática no Horizonte Pós-Moderno: um novo lugar para a linguagem teológica. São Paulo - SP: Editora Vida, 2007. 191p. ISBN 978-85-7367-974-8.

SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Ao Alcance de Todos. São Paulo - SP: Shedd Publicações, 2004. 572p. ISBN 85-88315-24-6.

SOREN, João Filson. Em Memória de Mim: Meditações sobre a ceia do Senhor. Rio de Janeiro - RJ: Editora Convicção, 2008. 168p. ISBN 978-85-61016-06-7.

WHITE, James Emery. A mente cristã num mundo sem Deus. São Paulo - SP: Editora Vida, 2010. 110p. ISBN 978-85-383-0152-3.

YANCEY, Philip. Onde está Deus quando chega a Dor?. 2a. São Paulo - SP: Editora Vida, 2005259p. 259p. ISBN 85-7367-939-5.




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terça-feira, 4 de maio de 2010

Princípios Batistas - O indivíduo

O INDIVÍDUO

1- Seu valor

A Bíblia revela que cada ser humano é criado à imagem de Deus; é único, precioso e insubstituível. Criado ser racional, cada pessoa é moralmente responsável perante Deus e o próximo. O homem, como indivíduo, é distinto de todas as outras pessoas. Como pessoa, ele é unido aos outros no fluxo da vida, pois ninguém vive nem morre por si mesmo.

A Bíblia revela que Cristo morreu por todos os homens. O fato de ser o homem criado à imagem de Deus, e de Jesus Cristo morrer para salvá-lo, é a fonte da dignidade e do valor humano. Ele tem direitos, outorgados por Deus, de ser reconhecido e aceito como indivíduo sem distinção de raça, cor, credo, ou cultura; de ser parte digna e respeitada da comunidade; de ter a plena oportunidade de alcançar o seu potencial.

Cada indivíduo foi criado à imagem de Deus e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa de valor e dignidade infinita.

2- Sua competência

O indivíduo, porque criado à imagem de Deus, torna-se responsável por suas decisões morais e religiosas. Ele é competente, sob a orientação do Espírito Santo, para formular a própria resposta à chamada divina ao evangelho de Cristo, para a comunhão com Deus, para crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor. Estreitamente ligada a essa competência está a responsabilidade de procurar a verdade e, encontrando-a, agir conforme essa descoberta, e partilhar a verdade com outros. Embora não se admita coação no terreno religioso, o cristão não tem a liberdade de ser neutro em questões de consciência e convicção.

Cada pessoa é competente e responsável perante Deus, nas próprias decisões e questões morais e religiosas.

3- Sua liberdade

Os batistas consideram como inalienável a liberdade de consciência, a plena liberdade de religião de todas as pessoas. O homem é livre para aceitar ou rejeitar a religião; escolher ou mudar sua crença; propagar e ensinar a verdade como a entenda, sempre respeitando direitos e convicções alheios; cultuar a Deus tanto a sós quanto publicamente; convidar outras pessoas a participarem nos cultos e outras atividades de sua religião; possuir propriedade e quaisquer outros bens necessários à propagação de sua fé. Tal liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado – nem pelo Estado, nem por qualquer outro grupo religioso – é um direito outorgado por Deus.

Cada pessoa é livre perante Deus em todas as questões de consciência e tem o direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como de testemunhar sua fé religiosa, respeitando os direitos dos outros.

domingo, 2 de maio de 2010

Princípios Batistas - A vida cristã

A VIDA CRISTÃ

1- A salvação pela graça

A graça é a provisão misericordiosa de Deus para a condição do homem perdido. O homem no seu estado natural é egoísta e orgulhoso; ele está na escravidão de Satanás e espiritualmente morto em transgressões e pecados. Devido à sua natureza pecaminosa, o homem não pode salvar-se a si mesmo. Mas Deus tem uma atitude benevolente em relação a todos, apesar da corrupção moral e da rebelião. A salvação não é o resultado dos méritos humanos, antes emana de propósito e iniciativa divinos. Não vem através de mediação sacramental, nem de treinamento moral, mas como resultado da misericórdia e poder divinos. A salvação do pecado é a dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pelo arrependimento em relação a Deus, pela fé em Jesus Cristo, e pela entrega incondicional a Ele como Senhor.

A Salvação, que vem através da graça, pela fé, coloca o indivíduo em união vital e transformadora com Cristo, e se caracteriza por uma vida de santidade e boas obras. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá certeza e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu auxílio na vida cristã.

A salvação é dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pela fé em Cristo e rendição à soberania divina.

2- As exigências do discipulado

O aprendizado cristão inicia-se com a entrega a Cristo, como Senhor. Desenvolve-se à proporção que a pessoa tem comunhão com Cristo e obedece aos seus mandamentos. O discípulo aprende a verdade em Cristo, somente por obedecê-la. Essa obediência exige a entrega das ambições e dos propósitos pessoais e a obediência à vontade do Pai. A obediência levou Cristo à cruz e exige de cada discípulo que tome a própria cruz e siga a Cristo.

O levar a cruz, ou negar-se a si mesmo, expressa-se de muitas maneiras na vida do discípulo. Este procurará, primeiro, o reino de Deus. Sua lealdade suprema será a Cristo. Ele será fiel em cumprir o mandamento cristão. Sua vida pessoal manifestará autodisciplina, pureza, integridade e amor cristão, em todas as relações que tem com os outros. O discipulado é completo.

As exigências do discipulado cristão estão baseadas no reconhecimento da soberania de Cristo, relacionam-se com a vida em um todo e exigem obediência e devoção completas.

3- O sacerdócio do crente

Cada homem pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé. Ele não necessita para isso de nenhum outro indivíduo, nem mesmo da igreja. Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus. Depois de tornar-se crente, a pessoa tem acesso direto a Deus, através de Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe outorga o privilégio de servir a humanidade em nome de Cristo. Deverá partilhar com os homens a fé que acalenta e servi-los em nome e no espírito de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da igreja local.
Cada cristão, tendo acesso direto a Deus através de Jesus Cristo, é seu próprio sacerdote e tem a obrigação de servir de sacerdote de Jesus Cristo em benefício de outras pessoas.


4- O cristão e seu lar


O lar foi constituído por Deus como unidade básica da sociedade. A formação de lares verdadeiramente cristãos deve merecer o interesse particular de todos. Devem ser constituídos da união de dois seres cristãos, dotados de maturidade emocional, espiritual e física e unidos por um amor profundo e puro. O casal deve partilhar ideais e ambições semelhantes e ser dedicado à criação dos filhos na instrução e disciplina divinas. Isso exige o estudo regular da Bíblia e a prática do culto doméstico. Nesses lares o espírito de Cristo está presente em todas as relações da família.


As igrejas têm a obrigação de preparar jovens para o casamento, treinar e auxiliar os pais nas suas responsabilidades, orientar pais e filhos nas provações e crises da vida, assistir àqueles que sofrem em lares desajustados, e ajudar os enlutados e encanecidos a encontrarem sempre um significado na vida.


O lar é básico, no propósito de Deus, para o bem-estar da humanidade, e o desenvolvimento da família deve ser de supremo interesse para todos os cristãos.


5- O cristão como cidadão


O cristão é cidadão de dois mundos – o reino de Deus e o estado político – e deve obedecer à lei de sua pátria terrena, tanto quanto à lei suprema. No caso de ser necessária uma escolha, o cristão deve obedecer a Deus antes que ao homem. Deve mostrar respeito para com aqueles que interpretam a lei e a põem em vigor, e participar ativamente na vida social, econômica e política com o espírito e princípios cristãos. A mordomia cristã da vida inclui tais responsabilidades como o voto, o pagamento de impostos e o apoio à legislação digna. O cristão deve orar pelas autoridades e incentivar outros cristãos a aceitarem a responsabilidade cívica, como um serviço a Deus e à humanidade.


O cristão é cidadão de dois mundos – o reino de Deus e o estado – e deve ser obediente à lei do seu país tanto quanto à lei suprema de Deus.