sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Formação do Novo Testamento


"A alegria imensa e a paz profunda dos primeiros cristãos, testemunhadas pelo Novo Testamento, são inspiradas pela consciência comum a todos os autores de estar engajados nessa história particular e de participar de um mesmo acontecimento com todo o passado e todo o futuro. Fazendo parte dessa história, o tempo presente, intermediário entre a ressurreição de Cristo e seu retorno, ganha toda a sua importância como tempo do Espírito Santo, como tempo da Igreja, como tempo da pregação do evangelho. Pela fé, o ser humano do Novo Testamento integra sua existência individual nessa história, e precisamente no tempo e no lugar destinados a ele. Através de nosso nascimento natural fazemos parte da história de nossa família, de nosso povo e do mundo; 'crer' significa, no Novo Testamento, integrar-se, em virtude de uma decisão da fé, que é um 'novo nascimento', nessa história particular da salvação, cujo ponto culminante e significado é Cristo." (Cullmann, Oscar. A Formação do Novo Testamento. Tradução: Bertoldo Weber, 10ª ed. Revista, São Leopoldo: Sinodal, 2007, p. 95)


Ao contrário do que se possa pensar, a Sagrada Escritura não existiu sempre na forma como existe hoje. Ela possui uma longa história de estudos lingüísticos, históricos e arqueológicos, tradição e discussão doutrinária. O livro A Formação do Novo Testamento é uma introdução à história do cânon neotestamentário. Seu autor, um dos maiores especialistas no assunto no século XX, explica como o texto que temos hoje foi compilado a partir de uma diversidade de manuscritos que datam do século III até o século XII, explica as principais características das diversas famílias de documentos e variantes redacionais que chegaram até nós, e dabate brevemente sobre a sua confiabilidade, atestando que se trata de um dos documentos mais bem conservados da antigüidade.

Em seguida, analisa os aspectos contextuais de cada um dos 27 documentos que formam o material neotestamentário, discutindo a sua autoria, datação, geografia e principais idéias teológicas. Para tanto, o autor levanta os argumentos que apóiam as várias teorias a respeito dos temas problemáticos do cânon, como o problema sinótico, a legitimidade do Evangelho de João, a autoria das Epístolas Pastorais e das Universais, etc.

Por fim, o autor conclui pela unidade teológica fundamental dos componentes do cânon, que seria expressa pela idéia da participação individual e coletiva na História da Salvação que se desenrola desde a criação do mundo até o seu ponto culminante na história, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e adiante até consumação da história com a segunda vinda de Cristo.

Trata-se de um livro didático, sucinto e preciso, ideal para leitores leigos e iniciantes no estudo da Teologia a da História do Novo Testamento.

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