sábado, 13 de setembro de 2014

Em tempos de eleição: Reflexão de C. S. Lewis sobre a Democracia


"Aristóteles disse que algumas pessoas só prestavam para ser escravos. Não o contradigo. Porém, rejeito a escravidão porque não vejo nenhum homem que preste para ser senhor."

"Eu sou um democrata porque acredito na Queda do Homem. Eu penso que a maioria das pessoas é democrata pela razão oposta. Uma grande parte do entusiasmo democrático descende de ideias de pessoas como Rousseau, que acreditavam na democracia porque pensavam que a Humanidade é tão sábia e boa que todos mereceriam participar do governo. O perigo de defender a democracia nessas bases é que elas não são verdadeiras. E sempre que a fraqueza destas é exposta, as pessoas que preferem a tirania lucram com essa exposição. Eu descubro que elas não são verdadeiras sem ter de olhar além de mim mesmo. Eu não mereço tomar parte do governo de um galinheiro, menos ainda de uma nação.  Tampouco a maioria das pessoas - todas as pessoas que acreditam em propagandas, pensam por chavões e espalham rumores. A verdadeira razão para a democracia é justamente o reverso. A Humanidade é tão caída que a ninguém pode ser confiado poder incontido sobre seus companheiros. Aristóteles disse que algumas pessoas só prestavam para ser escravos. Não o contradigo. Porém, rejeito a escravidão porque não vejo nenhum homem que preste para ser senhor."

Excerto de LEWIS, C. S. Equality. In: _______.Present Concerns. San Diego: Harcourt, 2002, p. 17. Tradução: Rodrigo Rocha Silveira.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Bonhoeffer: pastor, mártir, profeta, espião

Dietrich Bonhoeffer é, certamente, uma das personalidades mais interessantes do século XX. Filho de uma família alemã abastada, Bonhoeffer tinha tudo para viver uma vida longa e confortável. No entanto, inspirado pelo evangelho escolheu encarar os poderes de seu tempo sombrio.

Bonhoeffer enfrentou o status quo acadêmico teológico do final do século XIX e início do século XX, o liberalismo. Orientado por Adolf Harnack, a grande estrela do liberalismo teológico e do método histórico-crítico de interpretação das Escrituras, o teólogo da igreja confessante teve a coragem de rejeitar os dogmas liberais e reafirmar importantes aspectos da ortodoxia.

A sua paixão por fazer a vontade de Deus o levou, finalmente, a enfrentar o pior dos males que se abateu sobre sua terra natal, o nazismo, à custa de sua própria vida. Quando Hitler tentou cooptar a Igreja Alemã, Bonhoeffer foi um dos líderes da resistência, fundando a Igreja Confessante, que acabou por ser tornada clandestina pelo regime. Ele também ajudou ativamente na fuga de famílias de judeus para a Suiça e militou junto as demais igrejas europeias no sentido de conscientizá-las a respeito da situação da Igreja Alemã.

Porém,  o momento mais dramático dessa luta foi participação de Bonhoeffer num plano para assassinar Adolf Hitler. Várias questões interessantes surgem dessa situação. É moral participar de um regicídio? Existe alguma situação em que é permitido conspirar para assassinar o chefe de Estado? O tema da permissibilidade do regicídio é um tema antigo, foi discutido por Marsílio de Pádua, e volta à tona na situação concreta por que Bonhoeffer passou.

Eric Metaxas conta essas e outras histórias no livro Bonhoeffer: mártir, pastor, profeta, espião, publicado em português pela editora Mundo Cristão. Trata-se de um livro de leitura fácil, bem documentado, em que, sempre que possível, o autor deixa o biografado "falar por si mesmo" por meio de uma série de citações contextualizadas. Como foi direcionado primariamente para o público norte-americano, Metaxas se debruça longamente sobre o período em que Bonhoeffer viveu em Nova Iorque como pesquisador convidado do Union Theological Seminary e sobre as percepções do teólogo alemão do cristianismo praticado nos Estados Unidos à época.

Bonhoeffer: mártir, pastor, profeta, espião está para empréstimo disponível em nossa biblioteca.